quarta-feira, 6 de outubro de 2010

João Tubarão (Final)

A moça nem ligou. Ficou tomando seu banho de sol e entrando na água, quando bem tinha vontade.
- Fiquei esperando para ter a certeza de que o tal João Tubarão, que eu ouvira falar muito mas que nunca vira, apareceria em casa de um ataque. O Velho Gama - ele gostava de falar de si de forma impessoal - tomou uma cerveja e ficou esperando. Observava a menina como um caçador que espera sua presa. De repente, ouve o grito:
- Socorro, por favor, acudam-me. Aaaaaaaaaaaaaaa.......
- Vi uma mistura de água e sangue subir, junto com a maré. Como surgido do nada, aparece um homem baixo e gordo, daqueles entroncadinhos que ninguém dá nada por ele. Pula n’água, mergulha e atraca-se com o tubarão, que ainda estava na fase de limpar as presas, após o almoço. Parecia uma cena de filma. Nunca vi uma luta tão feroz. O homem atracou-se com o tubarão, deu-lhe uma chave-de-braço, com a mão esquerda na mandíbula inferior e a mão direita na mandíbula superior, não demorou dez minutos para matar o animal afogado.
- Seu Gama, isso é espantoso.
- E não parou por aí. O homem parecia ter sede de vingança. Pegou o tubarão pelo rabo e o arrastou para a areia da praia. Pôs o pé direito na parte inferior da boca do animal e começou a arrancar todas as tripas do bicho.
- Em plena praia de Copacabana, seu Gama.
- Ora se foi, meu filho. Quando olhei para trás, todo o povo que estava na praia antes do alarme gritava:
- É o João! João Tubarão! É o João! João Tubarão!

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