Vejo a vida passar pela vidraça
Por entre as frestas da veneziana
Não és Ana nem Veneza:
Uma selva de lixo e pedra.
A podridão dos igarapés
A má-educação dos motoristas
Corpos dilacerados em acidentes
Vidas ceifadas em meio às pistas.
Ou nos semáforos e calçadas
Vítimas de bêbados e imprudentes
Que conduzem os automóveis
E não enxergam os indigentes.
Vida que segue para os vivos
E que se foi para os mortos
Uma marca do nada no infinito
Luz que vence a vedação da porta.
Mas que não rompe o breu do fumê
Nem me traz o desenho da tua sobra
Miserável e suja cidade que te esconde
Só a tua lembrança me acode.
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