terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ciladas


A vida me fez entender
Algo bem específico
Nem sempre quem mais eu amo
Termina a vida comigo.
Por mim pulava na chuva
Gritava feito um menino
"Amo-te, mais que a mim
Senhora do meu destino".
Vem a razão, porém, e me enfrenta
Olha-me nos olhos, atenta
E sussurra em meus ouvidos:
Quieto, rapaz, tenha juízo!
Amar à distância dói demais
Corrói o peito sem sentido
Melhor que não vê-la nunca mais
É ser sempre teu amigo.
Protetor, irmão, um pai
Muito além de um marido
"Prova de amor maior não há"
Do que um amor ficar escondido!
Amores não concretizados
Com o tempo viram passado
Tornam-se lindas lembranças
De belos sonhos criados.
Pela doce teia da vida
Que teima em tecer ciladas
Depois fica de longe rindo
Quando nos vê amarradas.
Eu, você e a teia
Como se no interior das veias
Circulasse o sangue de um no outro
A nos tirar o chão do conforto.
Então viramos geógrafos
Ou meros medidores de áreas
A demarcar sentimentos
Como a um lote de terras.
De cima a vida nos goza
Te faz Julieta e a mim Romeu
E baixa um permanente decreto:
Não serei tua, nem você meu!

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