domingo, 14 de outubro de 2018

Pátria do Fake


Quero te pedir desculpas
Com toda a sinceridade
Se no meio desta loucura
Invadi tua privacidade.
A pressão tem sido tamanha
Que beira à insanidade
Recebo algumas mensagens
E as repasso sem maldade.
E na tentativa de te ajudar
A convencer um oprimido
Que passou a opressor
Sem ter noção do perigo.
“Morte aos negros” gritam eles
Sem cerimônia ou medo
Aos nordestinos, querem, enfim
Alimentar com capim.
O Moa do Katendê
Com 12 facadas se foi
Queria que em você
Doesse como em mim dói.
Mas, se assim não o for
Não te desejo a morte
Ainda que a minha dor
A ti pouco importe.
Só quero ter o direito
De muito me indignar
Mas sei: a ti devo respeito
E não posso te importunar.
Entendo a tua omissão
O teu cruzar de mãos
Só não esqueço dos fatos
Assim reagiu Pilatos.
E se te cutuco toda hora
Tudo quero compartilhar
É porque neste agora
Só penso em te ajudar.
Mas se o ódio a ti cega
E és neutro em oração
O Orixá te enxerga:
Perdoará tua omissão.
Já se votas seduzido
Pelo “melhor é matar bandido”
Respeito a tua decisão
Mas, não aceito isso não.
Quero que sigas em paz
Com este desejo assaz
E o sangue que vejo nos olhos
A sair em todos os poros.
Não espere mais de mim
Mensagem ou notificação
Receberás meu bom dia
Como um querido irmão.
Destas trevas, no entanto
Restará o meu pranto
Espero não contar contigo
Ajoelhado em meu jazigo.
Talvez a ti pouco importe
Que nesta Pátria do Fake
A vida venha, por sorte
Ser um mero remake.


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