sábado, 18 de setembro de 2010

Assepsia nada convencional (Sexta parte)

Nos seringais do Acre é assim. As pessoas são criadas ao leite da castanha. Quando largam o peito, as crianças passam a tomar leite de castanha. O café com leite de castanha. Mas, quem passa a morar na cidade, perde esse hábito alimentar.
O velho e os três passaram a tarde conversando. Como é tradição no seringal, as mulheres nem aparecem. Só para servir o café, quando os maridos pedem, depois somem. Os quatro falaram sobre a queda do avião, sobre a morte (não teria sido apenas um desmaio?) da onça. O velho seringueiro se divertiu a tarde inteira, principalmente com as piadas e as músicas do Paulo Guedes. O seringueiro quis saber detalhes da vida do músico, que não se fez de rogado e multiplicou  por dez cada um dos seus feitos.
Por volta das cinco horas, os três foram ao garapé, tomaram banho e voltaram. Ao chegarem, estava pronto um café bem quentinho, com leite de castanha e uma broas de milho. Tomaram o café e, cada um, mais duas canecas, daquelas de alumínio, de leite de castanha. Foram dormir cedo. O seringueiro havia mandado preparar três redes, na varanda da casa, e deixado pronta para eles dormirem. Por volta das 9 horas da noite, o comandante começou a se mexer na rede.
- Músico (era como ele chamada o Paulo Guedes), músico. Estou com uma dor de barriga dos cacetes.
- É o efeito das castanhas. Vocês não estavam acostumados.
- Ái, ái, ái, ái, ááááiiiiiii, minha barriga - balbuciou o João, do outro lado.

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