domingo, 12 de setembro de 2010

Corina, a máquina dançarina (Final)

- Bem, como eu disse, antes era pior para mim. Meu corpo inteiro ficava em brasa. Hoje, só meu fundo, que eu chamado de pranchinha de surf, esquenta. Tenho botões que regulam a temperatura para mais ou para menos, dependendo da roupa a ser passada. Com o tempo, também fiquei mais leve. Ainda tenho um tanquinho para pôr água e ajudar a alisar melhor as roupas. Com tudo isso, meu sofrimento diminuiu. Porém, você não pode pôr a mão em mim porque a minha temperatura é alta, justamente porque serve para alisar as roupas. Na pele dos seres humanos, provoca queimaduras. Não posso surfar na pele das pessoas. Isso só acontece por acidente e quando meninos teimosos desobedecem as mães.
- Então você se vingou?!
- Não meu amiguinho. Agora posso te chamar assim?
- Pode.
- Pois bem. Quando a mãe da gente diz para não fazer uma coisa, ela não pensa só em proibir. Quero o seu bem. Quando ela disse pra você não pôr a mão em mim, ela sabia que você se queimaria.
- Eu só queria te conhecer melhor.
- Você terminou conhecendo do modo mais doloroso. Mas serei sempre seu amigo. Só que você também tem que aprender a ser um bom amigo, de longe. Vai chegar um tempo que você não poderá ficar sempre perto dos seus amigos, nem pegá-los. Ainda assim, não deve esquecê-los nem deixar de ser amigo deles. Agora vai que sua mãe tá chegando.
- O que foi isso meu filho?!
- Ahhh! Ahhh! Ahhh! Ahhh!
Cheio de dengo, Felipe mostrava a ponta do dedo indicador, já vermelha. Nem precisou ouvir o que a mãe tinha para dizer. Já sabia que havia errado. Enfim, Felipe soube que desobedecer é feio e perigoso.

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