quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O grande vigia (Primeira parte)

No verão, quando carros vindos de todos os pontos do Estado podiam circular livremente por Sena Madureira, resolvemos tomar uma daquelas providências que só se tomar em cidade grande: contratar um vigia. Os moradores da rua Duque de Caxias e da Avenida Avelino Chaves fizeram uma cota para pagar um homem que zelasse pelo sono das famílias, que, por volta dos anos 70, já se consideravam moradores de cidade grande.
Não foi fácil encontrar o homem certo. Apareceram muitos candidatos, mas nenhum preenchia os requisito exigidos por todos os moradores. Jandiro, um pernambucano meio atarracado e de precisão espantosa com o revólver 38 cano curto, parecia ser o homem ideal. Diziam que ele havia participado do bando de Lampião. Sorriso amarelo, ele não desmentia nem confirmava. Em pouco tempo, todos descobriram que Jandiro tinha mais habilidade para contar suas caçadas do que com a arma em punho. A vizinha se reunia na frente da casa do Eugênio, que ficava bem na esquina da Avelino Chaves com a Duque de Caxias, para ouvir Jandiro narrar suas aventuras.

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