quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O grande vigia (Segunda parte)

- Rapaz, um dia saí pra caçar. Perto dum lago, ouvi um chiado instranhu. Parecia uma caçarola quente quando bate n’água. Me abaixei e fui assim, um pé aqui um pé acolá (Ele se abaixava e repetia os gestos como se estivesse vivenciando a história). Num dexei nem que us pés tocasse n’uma fôia seca. Quis vê o qui se se assucedia. Dexei o revólvi im puntu de bala. Num liguei a lanterna pra num ispantar a caça. Zás.... Vejo passar uma luz vermeia que nem raiu. Rápida qui nem bala, nu rumo do lagu. Escutu de novu aqueli baruiu. Um raio da lua inlumina adondi o fogu tinha sumidu e veju uma fumacinha subino.
- Vamos lá Jandiro. Deixa de fazer mistério. Conta logo o que era?
- Cauma genti. Tainha um poucu de pacênça. Ôces num imaginu o qué qui eu sinti naquela ura. Num tive coragi de acendê a lantcherna. Cumecei a me alembrá das istórias dus nossus amigus caçadoris. Intonce axei qui era argum mistéru da floresta. Im cada veiz qui o raiu de fogu passhava, eu trimia mais qui vara verdi. Já tchava morrenu di medchu. U diachu daqueli raiu só vinha du ladu du meu ôiu isquerdu, murria no ladu direitu do ôiu, dchentru du lagu, quandu a fumacha subia. Deu um friu disgramadu na boca do instomagu. Já num dominava mai meus denti. Quis gritá, num cunsegui. Só vi aqueli fogu passá, uvia um barruiu di ferru quenti im água fria u fumaceru subi.
- Mas Jandiro, você não teve coragem de ligar a lanterna para ver o que era? Como é que tu és vigia se tiveste medo de um bichinho qualquer?

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