quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O preconceituoso (Primeira parte)

“Entre sem bater”
Era aplaca em letras grandes, na porta do escritório do Dr. Branco, o único advogado de Sena Madureira, lá pelos idos dos anos sessenta. Em letras menores, só vistas por quem se aproximava da porta, lia-se: “É terminantemente proibida a entrada de negros ou mulatos”.
Quando ainda não existia o crime de preconceito racial e social, Dr. Branco era mais comentado na cidade em razão da segunda placa do que das suas atuações, pífias, numa cidade onde, quase sempre, as pendengas, também mínimas, erram resolvidas na porrada.
- Bom dia Dr. Como o senhor tem passado?
- Estou bem. Diga logo o que veio fazer aqui.
Dr. Branco não gostava muito de mim. Sabia que eu era um dos que o criticavam pela cidade. Metido a repórter, desde garoto, fui entrevistá-lo. Tinha lá meus 13 anos.
- Dr. dizem que o senhor não gosta de preto, isso é verdade?
- Não gosto, aliás, odeio esta raça.
- Mas Dr. (ele adorava esse Dr.) nós somos ou não somos iguais perante a lei?

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