domingo, 31 de outubro de 2010

A folha encarnada

Lá estava eu na porta do mercado municipal, encostado em uma das bancas, esperando para ser atendido. Era a banca que vendia material escolar e artigos de papelaria. Seu Manuel, um português de uma certa idade, não perdia uma chance de fazer um gracejo com a freguesia. E eu ficava ali só prestando a atenção no movimento. De repente, um cabôco chega meio arrogante e vai logo gritando:
- Quero seis folha de papel de seda incarnada.
- Não tenho encarnada, a vermelha não serve? - perguntou seu Manuel com cara de sério.
- Não! Eu pedi encarnada e quero encarnada.
- Encarnada e vermelha é a mesma coisa. Só perguntei para testar sua inteligência?
- Entonce tá achano qui eu sou burro? Acha qui vou levá gatu pur lebre? Vermelha é vermelha, incarnada é incarnada.
- Mas senhor....
- Ora, ora, ora, .....sinhô uma ova. Tá querenu me enganar. Sou um cabôcu vividu. Conheçu bem as cor. Num é um vendedor de porta de mercadu qui vai mi inganá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário