terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Ismeril (Segunda parte)

Quando voltávamos com uma lata cheia de minhocas, nossas iscas prediletas (melhor dito, prediletas dos peixes), o Tiotoim grita:
- Corre Gilson! Pega os anzóis se não o Ismeril come tudo.
- Xô, xô, xô. Sai pra lá touro - disse eu tentando afastar o garrote.
Ele levantou aqueles enormes olhos, ficou me fitando enquanto ainda mastigava os últimos anzóis.
- Então é por isso que o nome dele é Esmeril?
- É sim. Ele come tudo. Não tem corda que dê jeito. Ninguém mantém esse bicho preso.
- Dessa vez eu duvido que ele escape. Comeu quase cem anzóis!
- Ele não vai sentir nada.
- Tio, porque o senhor não arranja um cabo de aço e prende esse touro? Aí eu quero ver se ele é mesmo Esmeril?
Sem os anzóis, nossa pesca tinha ido pro brejo. Fomos colher goiabas e dá uma passada na casa do Tio Sandoval. Lá pelas cinco da tarde voltamos pra casa, sem nenhum peixe. Quando contei a história do Esmeril em casa, o Paulo Guedes soltou aquela gargalhada, como quem diz:
- Que cabra mentiroso. Ele saiu melhor que a encomenda. Em pouco tempo tá ganhando de mim.

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