quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O telefone (Final)

Os dias se passaram e seu Madeira sempre aprontava das suas ao telefone. Naquele dia, viu que faltava pregos no estoque e resolveu fazer o pedido por telefone.
- Alô, telefonista. Me liga cum a fábrica Aço Forte, em Sum Paulu.
- O senhor desliga o telefone. Logo que eu completar a ligação eu chamo.
Seu Madeira fica impaciente. Estava louco para ser o primeiro homem da cidade a fazer uma ligação interurbana. E logo com São Paulo. Era de deixar qualquer um orgulhoso.
Trinlim... trinlim...
- Alô, quem tá falanu aí?
- Sua ligação, seu Madeira.
- Alô, é da Açu Forti?
- Sim, o que o senhor deseja?
- Queru dizer qui tô falanu da minha loja, aqui no Acri. In Sena Madureira.
- Tudo bem, mas nós vendemos pregos. O senhor deseja algum?
- Quéquiéissu moçu? O sinhô acha qui eu gostu dessas côsa?
- Desculpe-me. O senhor está entendo mal?
- Vamu deixar de tró-ló-ló i i au qui interessa. Queru fazê uma incumenda de pregu. Mi manda umas duzentas caixa.
- De qual?
- Di pregus, ora essa!
- Quero saber o tamanho dos pregos?
- Ah sim! Agora tá ixplicadu.
Seu Madeira põe o telefone embaixo do braço, põe as mãos juntas como se fosse rezar. Então, vai abrindo as mãos e grita:
- U pregu é maiômenus destamanhu.
Ele ia abrindo as mãos até onde imaginava ser o tamanho dos pregos. Na certa, deve estar esperando a entrega do pedido até hoje.


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