quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Oferenda


Gosto do ato, quando, de fato, é uma oferenda
Porque do teu corpo faço lenda
E entre morros, grutas e fendas
Enterro flores pra minha entidade.
Arranco lascas, exploro tua árvore
E nesses sulcos que nascem os arbustos
Como teus seios que pulam do busto
Apontam o caminho da tua virgem idade.
Deixá-la nua, branquinha, em pelo
Não é um mero arrancar de roupas
É ritual, um mantra dos mais belos
Ao som de harpas e violoncelos
Deslizo os dedos por entre as cordas
Como se tocasse cada um dos teus pelos.
É nesse clima de entrega total
Que desço as mãos, toco tuas costas
Roço nos mamilos, chego ao teu umbigo
O corpo queima inteiro, como em vendaval
Paro, então, a mão, dobro os joelhos
Curvo-me diante do altar real.
Fecho os olhos em transe e esmero
Beijo cada pétala da flor divinal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário