O vento sopra a palha do coqueiro
E eu não te tenho em meu travesseiro
Em maio ou junho, parece miragem
O calor do Acre transforma-se em friagem.
Pela veneziana ouço o barulho dos galhos
Das palhas que se tocam num balé suave
Você chega firme garoa que cai
Teu cheiro de fêmea de mim não sai.
Mistura-se com o cheiro de mato e terra
Invade as narinas, todo o ar tempera
Entrego-me à viagem na fria friagem
Ouço teus rugidos, gemidos de fera.
A entrar pela porta como quem sai de um sonho
E se tornar real nos versos que componho
Esquentas minha vida que estava tão normal
Tudo tão simples, fácil, natural.
Como a brisa a entrar pela janela
A tomar conta de cada sentido
Desenho teu corpo como em uma tela
Só para, em cores, pintar o teu doce gemido.
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