Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 28 de abril de 2013

Em mim


Teu cheiro se entranha em mim
Como se fosse essência de carmim
Circula como aranha em teia
A tecer teu nome em minha veia.
Passas, então, a circular
Nas veias até chegar a aorta
Sonho em te ver chegar
E bater na minha porta.
É tudo um sonho ou pesadelo
Pois acordo sem vê-la
Estrela, inteira, ao meu lado
Sinto-me completamente abandonado.
Volta a sensação de angústia
Vivo em eterna aflição
Por mais que abuse da astúcia
Não tenho você em minhas mãos.
Em mim ficas mais longe do que perto
Tua saudade cria no peito um deserto
Que tenta despetalar as flores
E destruir todos os odores.
Só não consegue arrancar
Tua essência que em mim fica
Enraizada no teu jeito de me amar
Nessa paixão que só se intensifica.

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