Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Memória

Não quero ser um belo registro
No todo da tua memória
Quero muito mais que isto:
Fazer parte da tua história.
Não como a mais linda lembrança
Ou um sonho a dois frustrado
Quero ultrapassar a esperança
Tornar-me, pra sempre, teu amado.
Chega de manter escondido
O amor mais lindo do mundo
Não pode ser proibido
Um sentimento tão profundo.
Deixarei de ser lembrança
Para dominar tua memória
Viver a te esperar não cansa
Quando se acredita na vitória.
É uma luta diária
Manter a fé no depois
Nossa saudade é planetária
Como a crença de vivermos a dois.


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