Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 12 de agosto de 2012

Cartas marcadas


Penso em ti a cada segundo
Como se já fizesses parte do meu mundo
Muito embora pouco tenha te encontrado.
Pouco importa se és solteira ou casada
Tesão e desejo não possuem cartas marcadas
E sexo não tem estado civil.
Como animais no cio a desejar um ao outro
Que só de sonhar com o primeiro encontro
Somos capazes de emitir sinais de gozo.
Nem sei de onde veio esse desejo ardente
Que te marcou no fundo da minha mente
Como tatuagem gravada na memória
Posso até não te ter agora
Mas meu querer não fenece
Enquanto não te tenho faço poemas
Até que consiga vencer esse jogo de cartas
E te faça real como marca na vida.

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