Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os Flintstones


Estou a ficar puto com essa zorra
De sonhar com o fim dessa porra
E chamar desesperado pela Vilma.
Aí me aparece o dia inteiro
Como em um terrível pesadelo
A presidente Dilma em pelo.
Com os dentes para fora
A ameaçar toda hora
Cortar o ponto, o meu salário
Como se eu fosse um salafrário.
Aqueles olhos esbugalhados
A perseguir meu destino
Sinto-me como um menino
A tentar escapar da sanha de Chuck
O brinquedo assassino.
Vivo a confundir a realidade
Não fiz nada de mais grave
Apenas aderi à greve.
Hoje vivo em um desenho animado
Que mistura Vilma com Dilma
Já não sei mais o meu nome
Será que sou Fred Flintstones?

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