Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 2 de novembro de 2013

Janelas

Fechei as portas para um novo amor
Abri janelas para a solidão
Prefiro, da saudade, a dor
A te provocar qualquer ilusão.
Por isso deixo frestas abertas
Na intenção de que venhas a entrar
E que eu saia das certezas incertas
Pra te receber inteira e te amar.
Sem conseguir fechar as persianas
Ou por um pano nas venezianas
Arranco, ávido, todas as tuas peças
Sussurros, gemidos, nenhuma conversa.
Enfio a língua, cheiro os teus pelos
Mordo os mamilos, sinto vários cheiros
De ti exalam com intensa doçura
És a razão da minha loucura.
Não abro mão de tê-la inteira
Nem que seja apenas um desejo
Sem preciso, pulo até janelas
Para roubar-te um simples beijo.


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