Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Aniversário


Adoro o teu jeito brejeiro
De se nega RO tempo inteiro
Mas de se entregar sempre que te quero.
Sou louco por este teu jeito
De encostar o peito em meu peito
E não dizer nada que me possa iludir.
Quero essa mulher que surge do relicário
Que comemora o aniversário
Sem ser minha, mas finge que é.
Solto as palmas, bato os parabéns
Finjo te amar como não o faço a ninguém
Confesso, porém, não resisto ao desejo.
De tê-la nos braços, a sugar os teus lábios
Amá-la com fúria de um velho guerreiro
Para me entregar no espaço de um beijo.

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