Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dor maior

Entendo o teu ciúme
Como sinto o perfume
Dos momentos contigo
Teu corpo, meu abrigo.
Não quero ter recaídas
Nem reações incontidas
Pra mim já é passado
O homem que vive ao teu lado.
Odeio pensar que ele te toca
E tem direitos sobre ti
Escondo a dor que me sufoca
Para não cair em si.
Nem sentir ciúme posso
Se ainda quero te ter
A dor profunda não demonstro
Por medo de te perder.
Ainda assim sobrevivo
Como sobrevive o sentimento
Não sou eu quem vive contigo
Quer maior sofrimento?


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