Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Acolhimento


Educar é ato de amor
De entrega e acolhimento
É dar ternura, carinho e atenção
Entregar a alma e o coração.
É receber um ser frágil,
Às vezes imaturo e inseguro
E devolver a confiança e a dignidade
A quem não quer vencer a fragilidade.
Transformá-la em gigante
Fazê-la buscar em si
A força pra vencer os medos
E dobrar seus monstros mentais.
É impor limites e abrir horizontes
Como se faz com um filho
Arrancar da alma os gritos
Que a libertem dos ritos.
Perfeita harmonia entre amor e ódio
Entre sonhos e fantasias
É transformar-se de professor em amigo
Sem que se perca o carinho.
Segue, livre, liberta dos monstros
Que despertaram pesadelos
Cheiros, carinhos, afetos
Libertam-nos de todos os medos.

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