Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Promessas


Em cada olhar, em cada tecla
Até nos álbuns de fotos virtuais
Promessas transbordavam feitos mananciais.
Por serem vivas fontes de desejos
Intensos beijos passaram a incomodar
Como fantasmas que tiram o sono
Ou pesadelos a nos torturar.
A própria pele emitia sinais
Desse desejo em suores e arrepios
Como se os corpos desse novo casal
Fossem dois bichos ferozes no cio.
Uma febre louca toma a medula
Molha nossos corpos, ferve em calafrios
Desço minha língua pelas tuas curvas
Mordisco os caroços dessas tuas uvas.
Sugo o teu vinho, ao lamber tua taça
Teus lábios pequenos, carnudos ou grandes
Descem bem-suaves por minha garganta.
Respiras ofegante, soltas mil gemidos
Quanto mais te bebo, mais ouço teus urros
Como onça selvagem, soltas alguns esturros
Descanso, sereno, sobre o teu umbigo.

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