Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Três, quatro, três


Em cada espaço ou Avenida
Dos cantos que te vi cidade.
Manaus porta-do-inferno
Por conta dos que te agridem
Iludidos, dizem que o progresso
É a prova do teu sucesso.
Teus bairros são amontoados
De casebres e desmandos
De um poder público que te nega
Ao longo de mais de trezentos anos.
Viadutos e passagens de nível
Foram apresentados como o incrível
Poder de “obrar” dos governantes
Aquela Manaus de antes
Virou cidade do depois
Do lixo e dos buracos nas ruas
À falta de energia
O Lugar da Barra de um dia
Hoje é mera caricatura.

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