Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cintilantes


Entendo pouco desse teu descaso
Dessa tua intensa busca de prazer
Em me atrair para a tua arapuca
Para tentar me fazer seduzir.
Depois que me deixo encantar
Por esses teus olhos cintilantes
Teu doce modo de se entregar.
Nem que seja apenas uma mentira
Tua maneira de me fazer voltar
Virar um mote dessa tua ira.
Do teu veneno em goles tragar.
Braços amarrados, presos ao pé da cama
Vivo prisioneiro desse teu olhar
Que me transformou em mero cachorrinho
Arranco a coleira pra me libertar.

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