Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Água


Hoje sou a tua água
Que ao teu corpo delicia
A inundar macia
Cada milímetro de pele.
Leve, me aproprio do teu corpo
Desço, macio, ficas louca
Ao sentir pele com pele.
Teu corpo umedecido
Arrepia-se em gemidos
Que querer se entregar inteira.
Já não temos mais juízo
Nada importa, nem o perigo
De desvendarem nosso amor.
Tudo na vida ficou secundário
Diante desse santuário
De te fazer minha cachoeira.
Após deslizar sobre as pedras
Como a vulcanizar minha alma
Tu, minha água, vens, mansa calma
Domar a mim, tua fera.

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