Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 2 de junho de 2013

Complemento

Tudo em nós é complemento
Para o desejo sedento
Que teima em nos dominar.
É fogo, é vontade, é energia
Que se renova a cada dia
Ao dormir, ao levantar.
Ardência, insanidade, demência
Vontade elevada à décima potência
De o teu corpo explorar.
Cada dia é mais gostoso
Teu gozo e maravilhoso
Essência do verbo amar.
Loucura que se multiplica
Tesão que jamais se explica
Quero te comer inteira.
Lamber teu sangue de fêmea
Deslizar a mão bem ingênua
Até acender tua fogueira.
Dominar o teu pensamento
Longe, perto, onde for
Fazer do todo complemento
Sorver nossos urros de amor.


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