Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 23 de junho de 2013

Minha loucura

Ao longe vejo o sol se por
Até o oxigênio tem teu odor
Nas nuvens teu corpo está desenhado
Nas pessoas teu rosto parece colado.
Vejo-te em cada canto da casa
No fogo do corpo em brasa
No fundo do copo de água, na sede
Ao meu lado, no embalo da rede.
Um sanhaçu passa a cantar
Quando não, é um bem-te-vi
No equilíbrio de um colibri
Tenho forças para poder te amar.
O vento vence a tela da varanda
Invade a sala do apartamento
Não sei por onde você anda
Mas não me sais do pensamento.
Durmo e acordo contigo em tudo
És, na minha vida, mais que um momento
Por ti, estou louco, não abro mão, não mudo
Minha loucura é meu juramento.


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