Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 30 de junho de 2013

Sufoca

Quisera abrir o peito
E gritar ao mundo
Esse amor que vem do fundo
Que cresce e não toma jeito.
Teima em me tornar
Todo teu a cada dia
Embora eu não possa revelar
A razão da minha alegria.
Amo-te, essa dor sufoca
Meu sonho de estar contigo
É uma saudade que toca
Viver esse amor proibido.
Posso, no máximo, sussurrar
Colado ao pé do ouvido
Que nasci e vivo pra te amar
Mesmo que seja escondido.
Não sigo sem o teu amor
Teu coração no meu peito bate
É quase impossível suportar a dor
Que sobre mim se abate.
Quando olho ao redor e não estás
E, talvez, nunca te tenha ao meu lado
Ainda assim quero te amar demais
No presente, no futuro e no passado.

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