Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Falta


Sinto saudades da tua voz
Do nada que houve entre nós.
Sonho com o tudo que não tive contigo
E que, talvez, nunca venhamos a ter.
Estar ao teu lado, ser amigo
Deu a mim um equilíbrio
Que há muito não achava.
Difícil explicar essa saudade
Toda essa intensidade
Você em meu pensamento
Preenche cada segundo
Como se a todo momento
Fosse parte do meu mundo.
Não és, e tenho certeza
Que o afeto e o carinho
Que nos une a cada dia
É fruto dessa magia
Da força e da energia
Que a própria vida cria
Sem que haja qualquer nexo
Cresce, porém, domina e provoca
A nos deixar meio perplexos.
Como posso sentir falta
De quem não tive, nem vou ter?
Resta-me, como Platão, admirá-la
Sem nunca poder tocá-la!
No máximo ter teu abraço
Como um infinito laço
Um nó a eternizar nosso bem-querer!

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