Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ciclos



Uma dor lacerante
Invade-me a cada instante
Quando me sinto isolada.
Quão cruel é a humanidade
Que te eleva a um pedestal
Depois, de modo cruel,
A ti isola, quer teu mal!
Sou feita de giros e ciclos
Doce, meiga e terna
Não pise, porém, nos meu calos
Pois me transformo, viro fera.
A doce e meiga pessoa
Antes, muito legal,
Paga pra não entrar em um briga
Mas, se entra, é animal.
Foge da jaula, ganha o mundo
A voz não mais embargada
Faz de adversários aliados
Passa a ser admirada.
Os súditos voltam a amá-la
Alguns até sonham em tê-la
Sobe aos céus, ganha as nuvens
Brilha, ao longe, feito estrela.
Veste-se de seda, faz-se bela
Ao som de pássaros na janela
Um brilho novo no olhar:
Eis a rainha guerreira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário