Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sinto você


Tens o poder
De me fazer te sentir
Em cada canto da sala
Do quarto ou da casa
Teu cheiro circula como ar.
Um ar condicionado
Pela tua presença ao meu lado
Até quanto estás completamente distante.
É como se o teu espírito, bendito
Tirasse onda com a minha mente.
Ele pressente
Que te sinto, que me sentes
Em cada momento presente
A trazer marcas passadas.
Que se ainda não passaram
É porque não me deixaram
E talvez me acompanhem.
No quarto, na sala, no banho
Nas minha entranhas
Te entranhas
E sinto você.

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