Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 30 de abril de 2011

Premissas

Ajoelho-me!
Em frente ao altar?
Não! Confessionário.
Confesso
Sem fé
Que não te amo.
Não te quero
Não te desejo.
Diante do padre
Só confesso meus pecados.

Partidas

Hora de ir
Sabe Deus se tem volta!
Um olhar para a frente
Outro para a porta.
Destino traçado
Sem você ao lado
Com você por perto.
Segue a vida
Segue a rota
Idas e vindas
Sem voltas.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Insistência

Fere
Sangra
Invade!
Cirúrgico corte,
Quase morte.
Expões veias,
Destroça a alma.
Insistente presença
Perco a decência:
Tua lembrança:
Indecente invasão
Incontida explosão.
Sangro de saudade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vigora

Se me fui e não te levei
Por mim não chore.
Se minhas lembranças em ti ficaram
É porque te marquei a ferro
E a ferro não se marca gente:
Arranque-me da mente!
Se nada de ti em mim vigora;
Vá embora!
Dorme!
Desperta!
O mundo não sou eu!
Teu mundo não sou eu!
Vê o sol
As estrelas
O brilho
Dos teus olhos
O timbre da tua voz
Já deu!
Já fui!
Nada resta de nós.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Frieza

Mendigos
Pedintes
Favelas
Velas
Rituais.
Passagens urbanas
Passarelas.
Maltrapilhos abrigos
Desumanizados seres
Nós
A ignorá-los.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Possibilidades

Não se iluda!
Posso ser quente e frio
Doce e ácido
Sensível e cruel
Frio e calculista.
Cortante
Feito um punhal
A invadir tua pele
Sangrar teu suor
Ferir teu sangue
Petrificar corações.
Sou feito de bondade e maldade
Na mesma medida.
Sou humano.

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domingo, 24 de abril de 2011

Não saber

Não tenho mais tempo
Para me iludir com o mundo
Com as pessoas
Com os amores
Com as paixões
Tesões
Tensões.
A paz dos teus braços
Acalma!
Teu toque, tuas carícias
Excitam!
Sinto que não sei sentir.
Sei que não consigo ser.
Socrática dúvida,
Eterna companheira:
Só saber que nada sei querer
Que nada sei saber!

sábado, 23 de abril de 2011

Fragilidades

Universitários
Às vezes otários
Estudantes
Professores
Professoras, também.
Escrevo mal
Não concordo
Nem pratico a concordância.
Depois do concurso
Nada me obriga.
Nem ninguém.
Na academia
Se mias
Geras ódio.
Preferem
Quem Lattes.
Se engordas o cão
Teu lattido é mais forte.
Frágeis fúteis
Futilidades oficiais
Liberdades hipócritas
Meu miado e meu lattido
Só encantam
Se forem ao pé-do-ouvido.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dia santo

Velas acesas
Em cima da mesa
Mãos postadas.
Pernas unidas
Ou cruzadas.
Vidas em transe
Nada de transa.
Nesse dia
Nada se faz.
Pensamentos
Pecaminosos
Abominados.
Nada de amor
Só de cruz.
Cruzes!
Pregos nos dedos
Nas mãos
Na alma
No cérebro
De quem pecar.
Morro na cruz
A cada dia.
Mate-me aos poucos
Da agonia.
De te querer
Sem tê-la um dia.
Santo dia!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Porres

Branco
Escuro
Negro
Azul
Multicores.
Misturam-se!
Nada fica blue!
Interruptor desligado
Luzes apagadas
Cérebro a descansar.
Nenhuma imagem gravada no HD.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Recomeço

Rupturas
Dolororas
Decisões.
Traumas
Marcas
Profundos cortes
Recortam a vida.
Ferida.
Fendas abertas
Cíclicas dores
Ferem o destino
Menina, menino
Homem, mulher
Feto
Há feto
Des há feto
Só um projeto
Voltei ao útero.
Esperma e óvulo!
Onde nós estávamos?

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Obnubilado

Só existo
Se você me olhar.
Só sou gente
Se por ti for amado.
Se me jogas nas ruas
Nessa vida crua
Feita de agruras
Perco a inocência
Faço da indecência
Regra de conduta.
Por trás do vidro fumê
Finges que não me vê
Ignoraras o amor
Que a ti dediquei no início.
Hoje estou no vício
Caído pelas sarjetas
Como lixo no mundo
Esqueces que por um segundo
Um dia fui teu amor.
Vi dentro do teu carro importado
Um vulto de mão estendida
Um toque no botão automático
Cerra a possibilidade
De uma troca de olhares
De minutos de saudades.
Hoje pra ti sou pedinte
A mendigar um sorriso.
Vai, sê feliz com o outro
Que te deu luxo e riqueza.
Que eu fico com as lembranças
De mais um ato de frieza.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Conexões

Relâmpagos
Trovões
Tempestades
Ideias traspassadas por ideais.
Vidas desligadas
Desatadas
Devastadas.
Álcool
Drogas
Lícitas
Ilícitas.
Bendito o dia em que não te conheci.

domingo, 17 de abril de 2011

Nublados

Dias
Céu
Nós.
Obscuras relações
Insubmissas devoções
Aos teus pés
Digo amém.
Dias sem céu
Sem luz
Sem nós
Deprimidas sensações
Delegadas emoções
Eis um domingo sem sol.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Caçada

Caço-te na relva
Jogo-te na cama
Deslizo na lama
Arranco-te da selva!
Bichos por momentos
Animais no cio
Uma árvore, nosso ninho.
Mordo-te com carinho
Aperto teu nome
Com os dentes afiados
Como letra por letra
Teu alfabeto blogado.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beijo, beijos

Gosto de queijo,
Desejos
Degustação.
Limão, sal e mel
A boca saliva
Tem gosto de fel
Quando é traição.
Jesus que o diga
Ninguém o ajuda
Se for com o gosto
Do beijo de Judas.
Contar bactérias
É coisa de leso
Se há tesão?
Que nos contamine
Cheio de explosões
Feito Kundaline.
Que esse gosto eu quero
Na cara, no rosto
Por todo o corpo.
Que a tua língua
Domine a minha.
Que ganhe as ruas
Eu sem as roupas
Você sem as suas
E que o mundo aprenda
Com o nosso desejo
A essência do beijo.
 
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Buda

Doce mente
Mente doce
Docemente
Demente.
Alucinas os olhos
Estraçalhas as mentes
Tatuas
Teu corpo
Teu rosto
Envolto
Na fina areia
Que a praia sopra.
Flutuas
Em grãos.
Deusas e mitos
Gregos
Misturam-se
Na profana imagem
Tatuada
No pensamento.
Saudade
Sopra
Brisa
Em grãos
Dissipam-se
Entranham-se
Nas ondulações
Negramente indígenas,
Limites do teu corpo.
Indianamente
Mentalizo:
Ao pó da praia voltarás como parte dela.

domingo, 10 de abril de 2011

Mudez

Olhos de quero mais
Boca de quero tudo
Nariz de encantamento
Sorriso de deixar mudo.
Caldas de estrelas
Constelações piscam
Em noites enluaradas
No fundo dos olhos.
A brancura dos dentes
Ondula os cabelos
Mona lisa moderna
Pintura de gente.

Sopinha

PSD
PSC
PMN
PMDB
PT
Falta algum ingrediente?

sábado, 9 de abril de 2011

Tragicomédia

Mensalinho,
Semaninho
Diarinho.
Diarão
Semanão
Mensalão.
“Houve não!
Teve não!
Meu Governo, isso não!”
Podexá
Acredito nisso sim
Duvido não, Oh seo Lulão.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Morri

Fios de luz cruzam o ar
Filamentos coloridos percorrem
A alma
A sala
O quarto
A vida.
Lépidos
Faceiros
Trovões
Tudo se esvai
Levado pela correnteza
Fria
Da indiferença.

Depósito

Em ti deposito meu eu
A ti dedico o meu ser
Amor, investimento de risco
Empréstimo a fundo perdido
O risco é amar
E nunca mais resgatar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desejo

Quero te amar
De todo jeito
De todas as formas
Sem formas
Pré-estabelecidas.
Quero dar-te
Receber-te
Ter-te.
Minha
Musa
Usa
Abusa.
Goza
Em verso
Ou prosa.

domingo, 3 de abril de 2011

Arcanjos

Existem anjos?
Seriam anjas?
Pessoas especiais
Guiam nossos passos
Formas ideais
Tomam as idéias
Sobrenaturais
Seres imortais
Morrem até o corpo
Suas ideias, jamais.

Guia

Pureza
Beleza
Doçura
Amor que não tem cura.
Alma menina.
Corpo mulher
Desejo louco.
Quero-te um pouco
A cada dia.
Ao meu lado
Longe de mim
Estrela-guia.