Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Enfeites

Por mais que eu tente
E nada reinvente
Nossos momentos vividos
Jamais serão esquecidos.
Porque nossos braços
Viveram em entrelaços
Instantes que nos marcaram
Agora se reavivaram.
Como se não morressem
E mais sobrevivessem
E se fixassem eternos
Em todos os nossos cadernos.
De anotações e bilhetes
Feito enormes enfeites
A adornar nossas mentes
Quando estamos contentes.


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Sementes

Daqueles nossos momentos
Lembro de tempos em tempos
Concluo que nenhuma tempestade
Será capaz de apagar a saudade.
Marcas que se espalharam
Como sementes em terra fértil
E na ama se encravaram
Feito um profundo projétil.
Que rasga a carne vívida
De lembranças vividas
Do que foi mais marcante
Talvez, não seja adiante.
E se não for, que assim fique
Nada além se modifique
Sejamos frutos desta dor
Que marca o nosso amor.


domingo, 29 de outubro de 2017

Homilia

Deixo-me levar
Pelas curvas do teu olhar
Que até sem que eu veja
Demonstra que me deseja.
Por isso me comes vivo
Enquanto estou indeciso
Pelo simples gosto de querer
Dar e receber prazer.
Assim levamos o dia
Nesta santa homilia
Você a encontrar sentido
Até no que eu não digo.