Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Abandono

Sonho demais e acredito
Às vezes no que não foi dito
Por isso me decepciono
E vem a sensação de abandono.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Porto

Faço de ti o meu porto
Quase sempre muito seguro
Porém, sinto-me meio morto
Quando penso no futuro.
Decidi viver o hoje
Aproveitar o agora
Esquecer o depois
Amar-te a toda hora.
Pouco importa o porto
Ou a porta.
Muito menos o aporte
Vale o amor que conforta
E é todo o meu suporte.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Assombrado

Como pude me deixar te amar
E ser completamente dominado
Por algo que faz a cabeça girar
E o coração bate assombrado.
Longe ou perto, pouco importa
Vejo-te sempre a abrir a porta
Teu perfume a exalar pelo quarto
A dominar tudo o que faço.
O assombro ganha maior contorno
Quando me pego a olhar no entorno
Descubro que não estás fisicamente
Mas sou incapaz de tirá-la da mente.
O assombro vira desespero
E se transforma em pesadelo
Ao pensar que podes não mais me querer
E tudo o que vivemos decidires esquecer.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Incompreensão

É por te amar que te entendo
Que compreendo tua ausência
E só escapo da demência
Porque da loucura não me defendo.
Pois louco já me fiz quando te amei
E mais louco quando deixei
O sentimento dominar meu ser
E não consegui mais deixar de te querer.
Incompreensível é este amor
Que mais forte parece que o aço
Vence a mais improvável dor
Quando me entrego ao teu abraço.
Mas não conseguimos entender
O que nos move um para o outro
É impossível esquecer
Que nos queremos feito loucos.


domingo, 27 de julho de 2014

Dengoso

Dengoso sou porque me deixas
Quando te tornas minha queixa
E na tradicional dança milenar
Por inteiro, sabes te entregar.
E eu que pensei saber de tudo
Comporto-me feito um menino
Diante de ti fico até tímido
Consegues me deixar mudo.
Por isso pareço um bebezão
Dengoso, a curtir esta paixão
Que não me sai da mente
A me tornar adolescente.
Mesmo após os cinquenta
Este amor se reiventa
Por ti vivo, por te morro
A ti sempre recorro.


sábado, 26 de julho de 2014

A te esperar

A saudade só aumenta
Coração, quase arrebenta
Quando estou assim, sozinho
Ansioso, a te esperar.
Em cio
Não enciumado
Vejo-me ao teu lado
Na ânsia de se entregar.
E entrego-me a este delírio
De tê-la, aqui, comigo
Mas nem o telefone toca
Nem você abre minha porta.
Nem mesmo uma mensagem
Na tela do celular
Resta-me a tua imagem
Na mente, a me excitar.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Raios

Quando dos teus olhos
Saltam raios de intenso brilho
Retomo o arrepio dos poros
Reaprendo o que é cio.
Teu sorriso liga minha adrenalina
Recuperas o ar de menina
Não importa mais a idade
Vale mesmo é sentir saudade.
Vejo o teu corpo rejuvenescido
A vida renasce, ganha sentido
Aos teus pés, rogo e te venero
Para demonstrar o quanto te quero.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Cobranças

Um amor não se sustenta
Baseado em cobranças
Quando isso só aumenta
Restam apenas lembranças.
De o que podia ter sido
E nunca chegou a ser
Cobranças ao pé do ouvido
Matam qualquer bem-querer.
É preciso controlar
A sina de só cobrar
E deixar que o amor
Floresça em esplendor.
E se espalhe ao natural
Sem que a nós faça mal
Mais importante que tudo
É que sejas sempre meu mundo.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Redenção

Quando o poço parece não ter mais fundo
E a dores e mazelas do mundo
Sugam quase todas as energias
Precisas da minha companhia.
Não só você, mas um amigo
Cujo problema do filho
Torna pequeno o que enfrentamos
Neste mundo de angústia e desenganos.
Não tenho saída, preciso ser forte
Para poder te amparar
Do fundo da alma, por sorte
Encontro forças pra te ajudar.
E não sair do teu lado
Ser parceiro e companheiro
A força do amar e ser amado
Não se mede em dinheiro.
Por amor até me supero
Demonstro o quanto te venero
Arranco tudo o que insiste
Em ainda me deixar triste.
E vejo das cinzas no chão
Toda a nossa redenção
E se me diriges um sorriso
Redescubro o paraíso.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sem sentido

A vida não faz sentido
Se você não mais me quer
A ficar aqui, esquecido
E nem ser minha mulher.
Sem ti sou pássaro sem asa
Nem voltar para casa posso
A saudade de ti me arrasa
Fica a me corroer o remorso.
Se me deixas é minha a culpa
Ainda que olhe com uma lupa
Algo a correr nas minhas entranhas
A provocar reações estranhas.
São labilidades do humor
Que me fazem provocar horrores
E relativizam o imenso amor
Ao amplificar as dores.


domingo, 20 de julho de 2014

Gratidão

Obrigado por me ensinar
A suportar tua ausência
É o maior aprendizado
Do meu período de demência.
Quando mais precisei
Decidiu se afastar
Com um pedido de desculpas
Por não poder me ajudar.
Sei que fui mal-acostumado
A tê-la sempre ao meu lado
Com alguma saudação
Agora, deixaste só a solidão.
Mereço, seu que errei
O castigo que levei
Meu erro não é maior
Que o amor que te dediquei.
Se eu te perder já não me importo
Que fique morto ou viva em plena dor
Pois contigo foi que aprendi, absorto
O sentido de o que é o amor.


sábado, 19 de julho de 2014

Ninho

Sinto-me tão indefeso
Para o útero voltando
Incólume, quase ileso
A alma inteira destronçando.
Não bebezão, mas bebezinho
Sinto o frio do abandono
Sem ti, sou feto retraindo
Você, do teu corpo, me expulsando.
Imploro, deixa-me que volte
Se me expulsas, de ti, é a morte
Não 9 meses, mas 90 anos
Em ti ficar, eram meus planos.
Pois só em ti encontro um sentido
Para o que a vida vinha me negando
Perdê-la é meu maior castigo
Vegetarei, vegetaremos, vegetando.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Insano

Olho pra dentro de mim
Tenho vontade de me enterrar
Como pude agir assim
Com quem só sei amar?
Dá vontade de sumir
Seguir a ordem que passa
No meu painel mental
Que a mim martela e embaça.
A vista, os órgãos, os sentidos
A repetir em meus ouvidos:
Não mereço viver
Pelo tanto que te fiz sofre.
É tamanha a covardia
De quem fere um dia
O ser que mais te ama
Que a ti se entrega insana.
Como insano o é
Esse meu delírio de morte
Se o amor não ficar de pé
Talvez viver não me importe.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Tanta dor

É tanta a dor que eu senti
Que sinto e nem sei se para
Foi tão fundo o que te feri
Em  mim a ferida não sara.
Em ti deve ser pior
Por ser eu a fazer
A te causar dor maior
Na essência do teu ser.
Além da dor provocada
Tem a da saudade forte
Viver longe de ti, amada
Irá me levar à morte.
Pois morto estou, mesmo vivo
Se a ti não posso ter
Minha cruz, meu castigo
É este pânico de te perder.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Coração destroçado

Cansei de tentar não sofrer
Arrancá-la do peito é um engano
Estou à beira de fenecer
Por te ter causado tanto dano.
É quase impossível também extirpar
A mágoa que em mim nasceu
Sou incapaz de deixar de te amar
Mas a dor meu peito enrijeceu.
Entreguei-me a um projeto
De vida e de amor
Sinto-me um ser abjeto
Quando o que faço não tem valor.
Dói e fere demais
Se o descaso vem de você
Se no que faço não confias mais,
Custava chegar e me dizer?
Tratar o que faço com desconfiança
Demonstrada em cada palavra
Feriu-me, aos poucos, nas entranhas
Cada vez mais me magoava.
Hoje estou aqui arrebentado
Morto por dentro e por fora
Com o coração estraçalhado
E uma tristeza que me devora.
Não quero mais te magoar
Nem tampouco ser magoado
Deus, ajude-me a curar
Meu coração destroçado.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Ferido

Sou como um bicho ferido
Tudo de mim fica escondido
Seja uma profunda e imensa dor
Ou um lindo e inesquecível amor.
Sofrer e fazer sofrer
Parece ser a minha sina
Se não viesse de você
Não provocaria tamanha ferida.
Hoje o que eu mais queria
Era sumir mundo afora
E poder transformar em alegria
Esta dor que consome e me devora.
Se pudesse escolher não mais amar
Juro, nunca mais amaria
Porque se é para dor em ti provocar
Morrer é melhor que esta agonia.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Trilha profissional

São tantos os descaminhos
Da nossa trilha profissional
Capazes de provocar desalinhos
E uma distância abissal.
Amor nenhum resiste
Ao desrespeito e ao desprezo
Talvez não veja, ou insiste
Em me negar qualquer apreço.
O que proponho não presta
Não deve ter valor nenhum
Nas entrelinhas, ou nas frestas
Sou visto como qualquer um.
Sinto-me como um aproveitador
Sem nenhum valor profissional
Razão da minha infinita dor
E de reagir como um animal.
Nada é mais nocivo e doloroso
Que a mistura de trilhas
Nenhum lugar glamouroso
Vale mais que nossas vidas.
Hoje sinto-me um cão
Transformei-me em um verme
Devo ser mesmo mera ilusão
Um homem que a ti não serve.


domingo, 13 de julho de 2014

Sobrenatural

Tento encontrar o que é real
Mas tudo parece sobrenatural
Inclusive você ter se apaixonado
Por quem jamais imaginava ao teu lado.
Quando penso ser real não estou contigo
Longe estás, e como um castigo
Sou obrigado a misturar saudade
Com encantamento e felicidade.
Acordado vivo a sonhar
Se durmo, começo a te amar
Como posso ser feliz por inteiro
Se não posso ter todo dia o teu cheiro?


sábado, 12 de julho de 2014

Visões

Acordo em meio a visões
Sinto intensas vibrações
Teu corpo a tocar o meu
Como jamais aconteceu.
A língua felina a deslizar
Do centro para as extremidades
E o teu cheiro no meu corpo a deixar
Pistas e sinais de saudades.
A língua vai, a boca vem, enlouqueço
Em urros e gritos extasiados
Quando, enfim, me reconheço
Eu aqui, você aí, acordados.


sexta-feira, 11 de julho de 2014

Teu andar

É quase impossível não notar
Quando passas a andar
Tens um jeito de pisar
Que me fez enamorar.
É uma certa cadência
Que me provoca demência
Instiga os meus neurônios
A ter delírios e sonhos.
E quanto mais te afastas
Mais centro o meu olhar
No jeito que por mim passas
A, por vezes, me provocar.
Sedentos beijos invisíveis
Que nem consegui aplicar
Nos teus olhos sensíveis
Quando te vejo passar.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Louco querer

Teus olhos me dizem
O que nem sei entender
Penetram minha esfinge
Com um louco querer.
Que me toma a alma
Esfacela a calma
Dou adeus à sensatez
Arrancas minha lucidez.
Por este louco querer
Perdi, inteiro, o juízo
Às vezes contento-me em te ver
Tê-la em mim é o que preciso.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Festa pagã

Amar-te é u ma benção
Por isso te adoro
Escondo minha intenção
Porque a ti devoro.
Com o olhar que te penetra
E o meu corpo em festa
Festeja o prazer pagão
De comê-la em devoção.
Como um símbolo santo
A despi-la do teu manto
Nossa festa pagã
Desejo e loucura vã.


terça-feira, 8 de julho de 2014

Teu odor

Fico a me perguntar
O que tem esse teu olhar?
A me provocar furor
Ao sentir o teu odor.
E todos os teus odores?
Que ao invés de temores
São motivos de tesão
De imensa atração.
A me levar para o canto
Para as pontas ou o centro
De cada polo do teu corpo
Que beijo e toco feito louco.
E me entrego ao prazer
De me entregar a você
Linda como nunca vi,
Prazer que jamais senti.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mistério

O que tem em ti
Que consegue me atrair
Tirar a lucidez
Tudo de uma vez.
Deixar-me louco
Com um tempo pouco
Que tenho ao teu lado
Inteiramente apaixonado.
É um mistério
Tanto desejo
Que se multiplica
Cada vez que te vejo.


Teu mel

Teu mel se espalha
No cheiro que exala
Que de ti sai
E me atrai.



OBS: Post do dia 06/07/2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Nosso lugar

Quando te pedi:
"Não diga nada"
Jamais pressenti
Mudança tão rara.
Você na minha frente
Completa estranha
Eu como um demente
Entrei nas entranhas.
De um ser tão doce
Nunca pensei que fosse
Eu a te escolher pra amar
No nosso lugar.
Depois da loucura
De eternas juras
Teu cheiro no ar
A me enfeitiçar.
Hoje sou escravo
Do sorriso mais raro
És a melhor mulher
Que um homem sonha e quer.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Impressionante

Cada vez que tento entender
O que houve entre nós
Chego a estarrecer
E a perder a voz.
É tudo tão impressionante
De o que é, o que foi antes
O que era nada virou tudo
Hoje sou o teu escudo.
Deixei pra sempre de viver
Tão solto como era antes
Ser livre é estar preso a ti
E isso é mais impressionante.
Prender-me por pura opção
Fazê-la minha devoção
Querê-la sempre em meu espaço
Nem que seja em um forte abraço.


terça-feira, 1 de julho de 2014

Majestosa

Majestosa és tu
Deusa do meu altar
Ainda que imaginário
Seja o nosso santuário.
Por isso é que me ajoelho
E toco, tímido, teu joelho
Subo a mão pelas coxas
E sinto quenturas loucas.
Provindas dos grandes lábios
Que se agigantam com os afagos
E me convidam para ser o ninho
Dessa mão que te dá carinho.
Com timidez introduzo um dedo
Mesmo com medo, enterro o outro
Sinto intenso, todo calor
Da majestosa fonte de amor.