Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Pertencimento

Pertenço a ti
Com tudo o que tenho
É toda minha
E te retenho.
No corpo, na alma
Em tudo o que é meu
Por isso, sem trauma
Sou todo teu.
Cada pedaço
Se faz um todo
E me entrelaço
Todo o teu corpo.
Pertencimento
Vivo o momento
Sou teu agora:
Minha Senhora.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Respiro

Consigo te sentir
Cada vez que respiro
Se não estás aqui
Vivo em retiro.
E retiro de mim
A essência do jasmim
Mas qualquer espinho sou
Se não tenho o teu amor.
É com um pesadelo
Aí respeito de medo
Ofegante, arfante
Sem a força de um infante.
É mais forte do que antes
Quando te vejo aparecer
Miro em teu semblante
E renovo o querer.


domingo, 28 de junho de 2015

Ter

Quero ter sempre você
Para o todo e pela vida
São sintomas de querer
Tê-la comigo, querida.
Para ser minha mulher
Como não imaginava querer
Hoje sei o que é
Ter, querer ter e não ter.
Se não a tenho, quero
Porque a ti venero
Vergado, em oração
Entrego-te meu coração.
E, assim, me desespero
Pelo tanto que te quero
Ter você é meu sonho
Com as forças que disponho.


sábado, 27 de junho de 2015

Proteção

Em tua respiração
Revejo a mão
De um Deus que emerge
E nos protege.
Das intensas sensações
Que nos trazem as tentações
De um amor que venero
Mas, às vezes, me desespero.
Por não poder te tocar
Na hora que desejo
E ter de segurar
As delícias de um beijo.
Divino é o amor
Divina é a proteção
Do nosso Deus protetor
Salve, doce sensação.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

TUDO

Vivo o TUDO
Lamento é o NADA
Sigo fecundo
Uma nova estrada.
O TUDO vivido
É inesquecível
Quase inconcebido
Por isso incrível.
Estás em TUDO
O que eu faço
Muito profundo
E não desfaço.
O TUDO em si
Não se apaga
Vivo em ti
Minha adorada.
Mas se não dá
Nem pra conversar
Melhor deixar
O tempo passar.
Pois cura TUDO
Qualquer ferida
Hoje estou MUDO
Por ti querida!


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Saudade

A saudade é uma doença
Que aprofunda a dor
Causada pela ausência
De quem se tornou seu amor.
Viver ao lado é o desejo
Não apenas de um beijo
Passear de mãos dadas
Nos dois lados da calçada.
Ir ao supermercado
Farmácia ou padaria
Sempre estar ao teu lado
É o que sonho: um dia.
Eliminar a possibilidade
De sentir essa saudade
Cada um no seu canto
Só é motivo de pranto.


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cura

Abres o sorriso
Começo a sorrir
Estejas perto
Ou longe daqui.
Tua dor,
Também é minha.
Festa do amor
Que se avizinha.
Vivo sofrido,
E mesmo sentido
Teu sorriso é minha cura
Como teu jeito é minha loucura.
Dorme na mente
Isola-se da alma
Como um demente
Tento ter calma.
Só o teu jeito
Deixa-me refeito
Da dor intensa
Que me descompensa.


terça-feira, 23 de junho de 2015

Capaz

Quando pensava que nunca mais
De amar seria capaz
Eis que me surge você
E muda meu modo de ser.
Sou capaz de amar
E de novo sonhar
Abrir o peito para o amor
Sem pensar na possível dor.
Que seria perder você
Não a ter mais ao meu lado
Viver só por ti querer
Como lembrança do passado.
Capaz ainda me sinto
De vencer labirintos
Enfrentar monstros de saudade
Para contigo viver em liberdade.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Pintura

Pintei você nas estrelas
Para, de noite, poder vê-la
Pois só como pintura
Podes ser minha loucura.
Em versos exerço a arte
De pintá-la em toda parte
Às vezes, preciso esconder
O quanto tenho de querer.
Escondo também a dor
Ao pintar só tenho amor
Quando estou, assim, deprimido
É que pinto ainda mais colorido.
Para esconder na pintura pálida
O quanto a alma está cálida
E o quanto o coração pulsa
Em tê-la, mais e mais, minha musa.


domingo, 21 de junho de 2015

Poemeto

Poemeto sem maldade
É o que me traz felicidade
Se no poema meto o pau
É porque sou homem mau.
Mas se falar em pau insisto
Vão dizer que é sexo explícito
Oras, pau é uma madeira
Rima até com mamadeira.
Há nada mais infantil
Que mamar com avidez
Se há maldade sutil
Está na tua insensatez.
Meu poema é despido
De qualquer mau sentido
E se maldade há
Na tua cabeça está.
Meu leitor ensandecido
Minha leitora declarada
Parem de fazer comigo
O que querem com a amada.
Sou poeta, crio versos
Às vezes até adversos
Se achas que meu verso é real
Cura-te: está muito mal.


sábado, 20 de junho de 2015

Intruso

A dor fere a fundo
Dá vontade de desistir
Não faço parte do teu mundo
É fácil de concluir.
Sou intruso, intruso estou
Em tudo o que faço ou digo
Só provoco desamor
E aumento o perigo.
Não sirvo nem para opinar
Muito menos ser ouvido
Em breve iremos chegar
À condição de meros amigos.
Que conseguem manter
O respeito à distância
Todo aquele intenso querer
Será mera lembrança?
Da mesma forma que entrei
Talvez tenha de sair
Hoje a única coisa que sei:
Não quero esquecer de ti.
Mas é difícil suportar
A ferida está aberta
Teremos de revigorar
Nosso amor na hora certa.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

Pálida pintura

Criei você na mente
Como um ser imponente
Linda e sem defeito
Dona de todo o meu peito.
Mas a tua postura
Te fez pálida pintura
Hoje até teu semblante
Se encontra muito distante.
Criei você sem defeito
Vivi para te adorar
A dor rasga meu peito
Há dias estou a chorar.
Lágrimas de decepção
Que cortam meu coração
Hoje somos pálidas figuras
A lutar contra a ruptura.
Rogo a Deus que me ilumine
Para curar tamanha ferida
Que eu contigo caminhe
E te ame por toda a vida.


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Respeito

É tanta decepção
A me invadir o coração
Sinto-me abandonado
Inteiramente desprezado.
O amor não pode abusar
Quando se vive para adorar
Há que se ter respeito
Pelo que outro tem no peito.
Tudo de ti, fere e machuca
Mais do que hoje ou nunca
Você me fere e nem se toca
Como se saísse a bater a porta.
Sofro em silêncio aqui do meu canto
Por respeito e por te amar tanto
Quando o que resta é sofrer
O melhor que faço é me recolher.


terça-feira, 16 de junho de 2015

Só ouvir

Não devo mais me manifestar
Quando estiver perto de ti
Porque se quem cala consente
Que só ouve é inteligente.
É sábio observar
E dar poucas opiniões
Torna-se mais fácil acertar
Sem provocar confusões.
De que adianta falar
Se tua voz são folhas ao vento
Melhor é mesmo deixar
Todo apenas em pensamento.
Assim se evita o conflito
E o dito pelo não dito
Mais vale preservar o amor
Quando tua fala só provoca dor.


Diferentes

A minha ingenuidade
Toma nos braços a saudade
Encobre-se com as vestes da tristeza
Olho para frente: só incerteza.
Talvez acreditar cegamente
Seja coisa de demente
Sinal de ingenuidade
Ancorada na saudade.
Que esconde da gente
O quanto somos diferentes
E nos leva a acreditar
Que podemos superar.
Há sinais de que as diferenças
Podem provocar desavenças
Basta começarmos a ver
O que o amor é capaz de esconder.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Gestos

Cada um dos teus gestos
Quer sejam de protestos
Deixa-me ainda mais apaixonado
A querer viver para sempre ao teu lado.
Tudo em ti se faz mais bonito
Meu amor por ti é mais que infinito
Revela-se até em um gesto
Carregado de intenso afeto.
Se de tudo você não disser
Que quer ser a minha mulher
Teus gestos mostram o contrário
De todo esse corolário.
Daquilo que não podes revelar
Sob o risco de se entregar
E deixar nosso amor em apuros
E nós dois inseguros.


domingo, 14 de junho de 2015

Creio

Creio
Nada é feio
Se há amor.
Creio
Na pureza do teu seio
Como creio
Na flor.
Nos lábios
Pequenos e serenos
Enormes, obscenos
Seno
Nossa matemática
Não tem cálculos.
Creio
Até na crença
Que a tua ausência
É passageira.
Creio
Anseio
Desejo teu beijo.


sábado, 13 de junho de 2015

Inimaginável

É extasiante
Amor tão pulsante
Nada igual, antes
Nos impulsionou.
O hoje e o ontem
Não são comparáveis
Pois estarmos juntos hoje
Era inimaginável.
Você em mim é lindo
Eu em você, divino
Amor que nos faz mais puro
E me deixa mais seguro.
Certo de que viveremos
Este amor como queremos
Juntos de qualquer maneira
Para sempre e a vida inteira.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Enamorados

Hoje estamos assim
A viver uma paixão sem fim
Completamente dominados
Por um impulso: enamorados.
Algo sublime e teimoso
Puro ou sem decoro
É como se fosse um enlace
Algo que de nós tomasse.
E, no ímpeto, tirasse
Toda a sensatez
Que, se um dia, existisse
Foi perdida de vez.
Em nome de um amor
Inimaginável, impossível
Enamorados até na dor
Tudo é mais que incrível.
Tomou conta do corpo
Apropriou-se da alma
E se pode nos deixar louco
Também conforta e acalma.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Depois

Depois de nós
Ouço a tua voz
A me dizer
Quero você.
Antes de mim
Não era assim?
Nunca ouvias
O que sentias.
Depois do gozo
Vem nosso sono
Grande esforço
Lindo abandono.
Noite sem fim
Se nos amamos
Amor assim
Sem desenganos.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Saudoso

Estou saudoso de ti
Dos teus carinhos em mim
Da tua boca colada
À face avermelhada.
Pelas mordidas ávidas
Na tua alma molhada
Pelo prazer do meu gozo
O teu que no todo sorvo.
Para abafar os gemidos
Os teus urros e gritos
Eis-me aqui, saudoso
Do gosto do teu gozo.


terça-feira, 9 de junho de 2015

Pegadas

Pegadas não marcam a praia
Com tanta profundidade
Quanto marca a tua saudade
Ao deixar que você saia.
E vá embora sem mim
Como as espumas somem na areia
É uma dor quase sem fim
No horizonte some a sereia.
Imaginária que habita meu mar
De sonhos que tenho ao te amar
Engolidas se vão as espumas
Pelas areias e as dunas.
Assim como engolido fico
Pela saudade e pelos sonhos
Da solidão do mar desisto
Para não ser enfadonho.
Quero-te aqui, comigo
Vem para ser o meu abrigo
Na areia, na praia, no mar
Em tudo quero te amar.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Guriri

As espumas brancas
Da Praia de Guriri
Traz doces lembranças:
Por que não estás aqui?
O mar é uma imensidão
A areia: quase deserta
Bate uma solidão
A saudade desperta.
A brisa sopra forte
Espírito Santo do Norte
Como consigo aguentar?
Tua falta é de matar.
Queria vocês nos meus braços
Nas luzes escuras do quarto
Na Praia de Guriri:
Falta você aqui!