Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 31 de agosto de 2014

Ao longe

Meus olhos se fixam no horizonte
Nuvens te trazem como fonte
Pássaros são pontos infinitos
Corpos nus são tão bonitos.
Mesmo que a nudez não seja nossa
Ao longe, a nudez pouco importa
Vale perder sempre os sentidos
Ainda que não estejas comigo.
Não te amo apenas na presença
Vivo pra ti até na ausência
Porque as nuvens te desenham
Cravam no peito o que não tenho.


sábado, 30 de agosto de 2014

Probabilidades

Pouco provável seria
Pensarmos em tamanha magia
Que a vida aprontaria
A nós, ao menos um dia.
Aconteceu, boquiabertos estamos
Há tanto tempo e não acreditamos
Cada vez que nos encontramos
Do sonho não despertamos.
Abrir os olhos e voltar à realidade
É aprender a conviver com a saudade
Amar-te talvez seja a minha especialidade
Acima de qualquer probabilidade.


Eternidades

Em ti só vejo qualidades
Antes, assombrosamente, escondidas
E até penso em eternidades
Viver o hoje em futuras vidas.
Todas contigo, em ti, em nós
A sentir o pulsar da tua voz
De encanto e sedução tomada
Jamais sentida em vidas passadas.



OBS: Post do dia 28/08/2014

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ditos

"Você é linda", "meu amor"
"Eu te amo", "te adoro"
Não devem ser ditas no furor
De um "eu te quero" ou "te imploro".
Essas palavras são ditos
Capazes de regar o amor
E torná-lo infinito
A suportar qualquer dor.
Não podem ser na hora do toque
Das juras de amor até a morte
Regam o amor ao longo dos anos
Para, juntos, se enfrentar desenganos.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Lentamente

Só queria mastigar esta tristeza
E dela gerar goles de alegria
Pensar nos momentos bons e na beleza
De tudo o que vivemos um dia.
Difícil é suportar
Essa distância secular
Que toca à fundo a alma
E me tira toda a calma.
Admito, não era meu costume
Mas estou a me remoer de ciúme
A inveja me consome
Por não ser, dia a dia, teu homem.
Tento afastar do coração
Que tê-la pra sempre é ilusão
A dúvida, porém, a mim corrói
Dia a dia me destrói.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Tortura

É uma loucura imaginar
Que podes ser de outro alguém
Minha capacidade de sonhar
Dissipa-se em direção ao além.
A tristeza me consome
Em imagens desconexas
Qual amor tem esse nome
Se passo a ter mortes diversas?
Durmo em sobressaltos
Se de ti me afasto
Riscos extremamente altos
Deixam-me em clima nefasto.
Perder-te é meu pesadelo
Dividir-te, minha loucura
Quero apagar da alma-espelho
Esta imagem que me tortura:
Se outro te beija ou te toca
Só de imaginar, a mim sufoca
É de perder o juízo
Acordar e não estar contigo.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Minha covardia

Preciso admitir
Minha covardia
Não consigo exigir
O que deveria.
O medo de te perder
Deixa-me, aqui, acuado
É tanto o meu querer
Vivo apaixonado.
Comigo é só amor
Um fantasma me persegue
Infinita é a minha dor
Se te imagino a fazer sexo.
Penso coisas sem nexo
Sinto inveja e ciúme
Sou um mero covarde
De dor o meu peito arde.


domingo, 24 de agosto de 2014

Mais

Tento entender nosso amor
E tudo o que ele nos faz
Pelo pouco que nos fez
Quero pra sempre e mais.
Mais tivesse ainda quereria
É pouco o que hoje quero
Mas se hoje te venero
Venerarei por mais um dia.
Mais não tenho e se mais tivesse
Veneraria por toda a vida
Em versos, prosa e preces
Joelhos dobrados, mãos estendidas.


sábado, 23 de agosto de 2014

Segredo

Teu corpo quente
Domina a mente
Mesmo no frio
Não me resfrio.
Sou esquentado
Em vários sentidos
Queimamos mais
Feito animais.
Quando me acendes
Com felinos toques
Cada ponto em você
É fonte de prazer.
Então me aqueço
Na ponta do dedo
Que invade o meu corpo
E arranca o segredo.
Que guardei pra ti
Pra que sejas única
E serás sempre assim
Melhor do que nunca.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Lá fora

Entrego-me aos teus braços
Esqueço o mundo lá fora
No calor dos teus abraços
Chego a perder a hora.
Nem ouço os passarinhos
A revirarem seus ninhos
Em cantigas de beleza
Demonstram toda a leveza.
Que é viva e vivo em ti
Para tudo poder sentir
Importa é estar contigo
Apesar de todo o perigo.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Sem jeito

Toques infinitos
Marcam este amor
Grandes lábios, bonitos
Despertam meu furor.
Grito o teu nome
Explode minha fome
Como-te inteira
Delicio-me à maneira.
Que tudo fique sem jeito
Ao deitá-la no meu peito
E me entregue ao sono
Em completo abandono.
Para tirar do momento
Você como meu alimento
Teu cheiro a me embriagar
Hoje sei o que é amar.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Ternos delírios

Quando me pego a pensar em nós
Chego a ouvir a tua voz
Teus sussurros de amor
São como refúgio para a dor.
Da saudade que bate
Cada vez que você parte
E me deixa um vazio.
Sou fera em fastio
Com toda a fome de ti
A desfalecer em mim.
Na mente ficam os suspiros
Dos nossos ternos delírios
Estou perto, mesmo longe
Onde o nosso amor se esconde?


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Maluquices

Adoro o teu jeito maluco
De me deixar louco
Ao demonstrar uma fome
Que a nós dois consome.
Como se fossemos bichos
A nos guiar pelo instinto
Nossos corpos viram nichos
Mostram que estamos famintos.
Daí nossas maluquices
Superarem as doidices
De dois adolescentes
Que parecem dementes.
De amor e paixão
De desejo e loucura
Que maluco é o nosso tesão
A provocar até tontura.


Espaços

Todos os espaços ocupas
Mesmo se longe estou
São tantas fantasias malucas
Que você me ensinou.
A fazer delas mais real
Que a própria realidade
E se hoje vivo de saudade
Tudo me parece irreal.
Creio porque em cada espaço
Há, de ti, um pedaço
Inteira na minha vida
Como nunca concebida.


domingo, 17 de agosto de 2014

Intimidade

Conheço cada detalhe
Da tua intimidade
Milímetro a milímetro, eu corpo
Destroem a sensatez, deixam-me louco.
De prazer, extremos gemidos
Tua língua em meus ouvidos
Descem até encontrar
Um porto para se abrigar.
Quando toco a tua garganta
É um prazer que espanta
Só não é maior que aquele
Ao tua língua invadir minha pele.
Não sei, não sabemos mais
As loucuras que fazemos
Nossa intimidade fugaz
Na imaginação, fiquemos.


sábado, 16 de agosto de 2014

Fogosa

Quando te vejo faceira
Com aquele jeitinho de pisar
Imagino-te, toda, inteira
Pronta para se entregar.
Meu corpo reage, toma os sentidos
Penetras em mim até pelos ouvidos
Basta ouvir o teu primeiro "Aloooo"
Para o meu corpo se encher de furor.
E se baixas o tom, e te mostras dengosa
Sei o quanto já estás fogosa
Quando jorras em mim cada gota de ti
Sei o quanto vale a pena esperar aqui.
Quieto a comê-la em pensamento
A espera de um novo momento
Para que eu possa de novo sentir
A mais linda e formosa que já conheci.


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Novo gozo

Teu perfume de fêmea
Penetra em minhas entranhas
Acende sensações estranhas
Que nos fazem almas gêmeas.
Por isso a alma sai do corpo
A cada nosso novo gozo
Meu leite, jato, explodo
Em pingos, molho o teu rosto.
E gozo enlouquecido
Quando me penetras o ouvido
Com voz de fêmea lasciva
Provocas minha saliva.
De longe ou de perto gozamos
Assim como nos entregamos
Aos inúmeros sinais de prazer
Que tenho ao sentir você.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Molhados

Ficamos molhados até antes do banho
Mesmo antes de nos encontrarmos
Que desejo mais intenso, estranho
Não entendermos o porquê nos amamos.
Muito menos essa intensidade
Que nos toma a cada instante
Quer estejamos a morrer de saudade
Ou há um minutos antes.
Ainda que seja de longe
Por SMS ou ao telefone
Nosso desejo nunca se esconde
E nos amamos ainda com mais fome.
Depois de tudo molhados ficamos
De suor ou após o banho
Sou todo teu e não estranho
O modo louco que nos entregamos.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Quase todo

O que eu tinha de mim
Abri mão ao dizer sim
Nem dúvida, nem engano
Encobrem o quanto te amo.
Se não sou todo é porque me resta
Uma saudade que é só tua
E se te quero de roupa ou nua
O todo teu em mim se infesta.
Preciso de uma parte deste todo
Por isso não sou teu inteiro
Se não respirar teu nome morro
Adoro quando me beijas inteiro.
Gruda em mim sempre que adoro
Perdoa-me se a ti inteira não devoro
Não há ninguém entre nós dois
A não ser quem a ti já se impôs.
Se não respondi como tu gostas
E nem colei direito em tuas costas
Peço perdão e me ajoelho
Ser quase todo é ser inteiro.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Somos

É por te amar que assim vivo
Como se a vida fosse um festivo
Reencontro de quem nunca foi
E nem imaginou que irei ser.
Mas somos e sempre seremos
Nada serenos, inteiramente insensatos
O nosso amor viveremos
Em plenos e loucos atos.
De constantes entregas
Somos um do outro a sós
Discretos na convivência
Para esconder nossa demência.


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Um nó me toma a garganta
Nem desce, nem muda de lugar
O que mais me espanta
É ainda ser capaz de amar.
Hoje sinto-me calejado
Pelas lembranças do passado
O que me tira deste escuro
É a fé no amor e no futuro.
Que, sei, será contigo
Na tristeza e na dor
O que fizeste comigo?
Acredito tanto em nosso amor!
Por isso ao pensar em nós
Venço a tristeza que me invade
Se temos momentos a sós
Superam as dores da saudade.


domingo, 10 de agosto de 2014

Dores e amores

Pai, você se foi
Durante anos eu nem te beijava.
Pouco pude te admirar
Aos poucos aprendi a te amar.
Tuas habilidades de músico
Alfaiate e bicicleteiro
Somavam-se à de radiotécnico por impulso
Mas pouco te rendiam dinheiro.
E o pouco que a ti rendia
Gastavas na boemia
Na cerveja e na cachaça
Quase nada deixavas em casa.
Nas aparências um irresponsável
Talvez, tenhas sido revolucionário
Viveste, gozaste a vida
Numa época pouco permitida.
Um homem à frente do seu tempo
A esbanjar criatividade
Hoje ainda me lembro
Das tuas gargalhadas, que saudade!
Fostes capaz de me ensinar
Toda a face da dor
Mas minha mãe foi capaz de ensinar
Gotas de orvalho do amor.
E se hoje amo e sou amado
E já não te tenho ao meu lado
Entrego-me, inteiro, a uma mulher
Que também me ama e me quer.


sábado, 9 de agosto de 2014

Amor desvairado

Sinto-me menos culpado
Por não te ter ao meu lado
Pois também bem te fiz
Ao te fazer mais feliz.
Ainda não temos explicação
Para tamanho desejo
Que se transforma em tesão
No primeiro toque ou beijo.
Até quando apenas imaginamos
Conseguimos tudo sentir
Se de longe ou de perto nos amamos
Há gritos de urros de prazer a ouvir.
Isso nos faz menos culpados
Por este amor desvairado
Que nos rouba a lucidez
E o que ainda há de sensatez.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Seguro

Estou seguro
És meu presente
E meu futuro.
Estou ciente
Estás na mente
Vivo seguro.
Certo
De que te amo
Mas, inseguro
Teu nome chamo.
E não estás
Nada me apraz
Sem ti reclamo.
Acalmo a alma
Sem qualquer trauma
Amo-te e proclamo.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Fantasia

Às vezes me dá um branco
Como que por encanto
Tudo o que foi vivido
Parece não ter ocorrido.
Fico a me perguntar.
Se cheguei a te amar
Ou se tudo não foi, de fato
Um intenso desejo insensato
De quem sonha em se entregar.
Mais parece encanto ou magia
Uma louca fantasia
Você em mim, eu em ti
Prazer que nunca senti.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Esplêndida

Esplêndida é a tua imagem
A me sorrir como miragem
Cada vez que olho no espelho
E imagino o teu corpo vê-lo.
Logo se esvai e fica a saudade
As lembranças do que fizemos
Como é dura a realidade!
E ainda assim, mais nos queremos.
Tua face mais esplêndida fica
Vejo-te dia a dia mais bonita
Quando te encontro o sonho aumenta
Por isso tudo o nosso amor aguenta.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Tua mão

De longe te amo
De perto te desejo
Se teu nome eu chamo
Quero teu beijo.
Invoco o tesão
Teu dedo, tua mão
Quero tudo em mim
Por que te amo assim?


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Crises

Há crises que destroem
Destroçam até o espírito
As nossas constroem
Rumos ao amor infinito.
Delas temos saído mais fortes
Nosso amor venceu muitas mortes
Que pareciam inevitáveis
Pelos desgastes infindáveis.
Hoje sou fortaleza
Confio na grandeza
Do amor que me conforta
E a toda crise suporta.
Só não podemos deixar
Que a mágoa permaneça
Dor de amor não é amar
E pode fazer com que feneça.
Crises menores existirão
Mas não podem ser eterna dor
Se assim o forem matarão
O até então infinito amor.


domingo, 3 de agosto de 2014

À distância

Quando me distancio
Mais me aproximo
A ti sempre aprecio
Mesmo se só te imagino.
Amo-te em desatino
Parece ser meu destino
Ainda que seja à distância
Tu não me sais da lembrança.
Por isso estar longe ou perto
Pouca diferença faz
Ainda que o futuro seja incerto
Amo-te cada vez mais.

Cio

Vivo a te adorar
Mesmo quando não posso te amar
Porque te amar não é tudo
Se és o tudo do meu mundo.
Minha paixão é total
Não-apenas conjunção carnal
Se por ti morro, por ti vivo
É porque és meu paraíso.
Lugar onde me encontro
Corpo onde me delicio
Amor que me deixa tonto
Tesão a me fazer cio.



OBS: Post do dia 02/08/2014