Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 31 de maio de 2015

Inimaginável

Apesar de tudo vivemos
Quase um conto de fadas
Tristão e Isolda, sofremos
Romeu e Julieta ou nada.
É amo quase impossível
Como se não existisse
E de tanto ser incrível:
Uma pintura de Matisse.
Há tanto desejo entre nós
Excitação no som da voz
Amor que parece inacreditável
Uma relação inimaginável.
Na hora que você partiu
Parece que nunca existiu
Amor como obra de arte
Quero-te em toda parte.
Do corpo, da casa, da vida
Da essência da tua alma
Depois do gozo, querida
Os corpos querem calma.


sábado, 30 de maio de 2015

Congelado

Em passos lentos
Vejo-te partir
Coração doendo:
Como deixei-a ir?
Um breve aceno
Sorriso amarelo
Será que um dia entendo,
O tanto que te quero?
A vida sai do prumo
Perdemos a sensatez
Aí acho o meu rumo:
Quando te verei outra vez?
É quase uma eternidade
A dor deste silêncio
Minha maior vontade
Era parar este momento.


sexta-feira, 29 de maio de 2015

Pele

Sinto até os pelos
Loiros do teu rosto
Em jogo de peles
Cada vez mais leves.
Feito folhas mortas
Das árvores soltas
A bailarem no ar
Até o chão tocar.
Como eu te toco
E o nosso amor invoco
Leve, em teus lábios
Em mim já não caibo.
Por em ti ter explodido
De felicidade, em gozo
Todo o teu prazer sorvo
Do teu fruto proibido.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Frio

Quanto tenho de ir embora
Tudo fica frio lá fora
É imenso o vazio
Nos lençóis, tempo de estio.
Bate uma tristeza imensa
De não sentir tua presença
Da fome passo ao fastio
Meu desejo está esguio.
Porque fica a sensação
Que foi tudo ilusão
De que nada aconteceu
Entre você e eu.
O coração cala, a mente fala
Chora e grita de ansiedade
Do meu pensamento exala
O frio gelo da saudade.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Privilégio

O maior privilégio que há
É, por ti, ser amado
Motivo para se vangloriar
Até para ser adorado.
Porque teu amor é raro
Ainda mais assim tão claro
Tua total doação
É minha adoração.
Tu me entregas o corpo
Sem limites para nada
Seja na noite um todo
Ou o todo da madrugada.
És a mais bela de todas
Que um dia conheci
Privilégio de um antípoda
Ame-te desde que te vi.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Embates

Meu corpo pelo teu desliza
Às vezes de forma imprecisa
Para encontrar encaixes
Amor feito de embates.
Para que encontremos
O melhor ponto do gozo
Só assim fazemos
Um amor mais gostoso.
Feito de muitos sussurros
Gritos, gemidos e urros
Até que o ápice do prazer
A nós faça enlouquecer.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Na boca

Sinto o teu gosto na boca
Ainda que estejas longe
Quando molhada e louca
Você geme e me responde.
Pode ser ao telefone
Ou mesmo pela internet
Eis capaz de me deixar com fome
E fazer o corpo não ficar inerte.
É quando me pronuncio
Animal em pleno cio
Boca molhada de gosto
Para sorver o teu gozo.
Na minha boca depositas
Gotas quentes de amor
Por mais que implores, insistas
Para que eu não sugue tua flor.
No fundo, desejas, adoras
Ao dizer não, imploras
Para que eu sorva o teu mel
E suba contigo ao céu.


domingo, 24 de maio de 2015

Tardes

Minhas tardes parecem noite
A saudade vem como açoite
Aí ao invés da lembrança
Bate uma desesperança.
Fica aquela sensação
De que a noite vai chegar
E eu sem poder te amar
Sou uma imensa escuridão.
O que mais tenho de claro
É a força do disparo
Do meu coração que te ama
Não apenas na cama.
Tê-la na casa inteira
Dona de o que há de melhor
Sorver de toda maneira
O gosto do teu suor.


sábado, 23 de maio de 2015

Turvo

Noites a fio não durmo
Tudo me parece turvo
Um abatimento profundo
Passa a ser o meu mundo.
Chega o final de semana
A dor fica mais insana
Feito um punhal fere a carne
O peito esfacela-se e arde.
Com tanta intensidade
Como fogueira acesa
Destroços desta saudade
São postos sobre a mesa.
Padeço da tua falta
Sofro pelo vazio
Jamais sei se voltas
A este lenço macio.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Insegurança

É melhor não estar perto
Quando a ti só faço mal
Se o que digo é tão funesto
E pareço um anormal.
Hoje só trago insegurança
Em lugar de esperança
Se antes era desejo sem fim
Hoje: ”não quero isso pra mim”.
Assim eu também não quero
Com o tudo que te venero
Se for para sempre te prejudicar
O melhor é me afastar.
Longe assim preservo
O tanto que ainda te quero
É melhor que eu me afaste
Pra evitar tanto desgaste.
E, assim, tentar manter
O melhor que tenho pra você:
É tanto amor, tão bonito:
Onde eu estiver: infinito.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Nua

Minha alma grudou-se a tua
Neste amálgama estás nua
Pena que estou na rua
A olhar o céu e ver a lua.
A alma, então, desnuda-se
Meu corpo ao teu gruda-se
As bocas procuram as línguas
De desejo estou à míngua.
As bocas enchem-se de saliva
As almas ficam à deriva
Nossas roupas estão perdidas
Vidas ainda não foram decididas.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Incompreensão

Olho para ti e não entendo
Como pude te amar tanto
E é porque não compreendo
Que nosso amor é um espanto.
Pois é difícil entender
O que me vem de você
A paixão que nos invade
Mais parece um milagre.
Talvez milagre o seja
Pois meu corpo te deseja
Por mais que seja incompreensível
Este nosso amor impossível.
Sei que não deves me amar
Nem eu por ti ser amado
Mas como ignorar
Se adoro ser teu adorado.


terça-feira, 19 de maio de 2015

Mais um pouco

Deslizo pelo universo
Do teu corpo imerso
No seio da minha saudade
Espelho da felicidade.
Quanto mais gozo, mais quero
Comer o teu coração
E quanto mais de espero
Mais aumenta o tesão.
Desejo cada vez mais louco
Muito quero é mais um pouco
Viver em segundos de emoção
O furor da nossa paixão.
Que me atrai e me cega
Meu corpo inteiro não nega
Por mais que eu não te mereça
Nada faz com que eu te esqueça.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Invasão

Se uma rajada de vento
Invadir teu pensamento
Nela estarei presente
Para o todo e sempre.
Assim não esquecerás
Nem um pouco, nem jamais
Tudo o que já vivemos
Desde que nos conhecemos.
Fixar-me-ei no teu cérebro
Dominarei a tua mente
Quero-te minha, não nego
Até em desejos indecentes.
Daqueles em que a invasão
É em cada parte do corpo
Que vive a queimar de tesão
Pensar em ti me deixa louco.


domingo, 17 de maio de 2015

Dívida

Devo muito a ti
Pelo que hoje sou
Nada seria aqui
Não fosse o teu amor.
Eu não seria nada
Estaria na calçada
Se não tivesse descoberto:
Preciso de ti por perto.
És o maior motivo
Para eu me manter vivo
Por isso meu corpo te entrego
E em vida só a ti venero.


sábado, 16 de maio de 2015

Longe

É triste ficar tão longe
Quanto o perto nos satisfaz
Temo virar um monge
Que te deseja mais e mais.
Porém não pode tocar
Vive em adoração
De longe só sabe amar
Sem poder sentir tesão.
Proibido pela Igreja
E por toda a sociedade
A viver de incertezas
E conviver com a saudade.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Objetivo

Quero-te não por um instante
Nada que seja inconstante
Amá-la por toda a vida
É meu objetivo querida.
Nem que para isso eu tenha
De mudar todos os planos
Que o casamento venha
Logo no início do ano.
Nem me fale em contrato
Por tempo determinado
Um amor, assim, tão bonito
Tem de ser para o todo, infinito
Mesmo que não se declare:
Até que a morte nos separe.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Louvação

Olho, não vejo quando passas
Meu coração embaça
Mistura toques em ação
Em eterna palpitação.
E de saudade dispara
Se não vejo tua cara
Teu olhar de languidez
Destrói a minha sensatez.
Quero comê-la com os olhos
Se for preciso até imploro
Ajoelho-me aos teus pés
Para louvar quem és.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Multidão

Tento não me aproximar
Quando na multidão estás
Para não correr o risco de revelar
O quanto te amo mais e mais.
Por isso, às vezes, me retraio
Outras vezes até saio
Para não ter de permanecer
A te admirar sem perceber.
Fico, então, na multidão
A desviar os olhos para o chão
Como um garoto meio tolo
A te olhar feito bobo.
Embasbacado com o teu sorriso
Encantado com teu jeito de falar
Por mais que tente não consigo:
Sou escravo do teu olhar.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Noites

Às vezes mal-dormidas
Outras inesquecíveis
Pelas peripécias incríveis
Que fiz pra te ver, querida.
Pouco vale a distância
Importa o desejo atroz
Que domina nossas lembranças
E se apossa de cada um de nós.
Noites: claro, escuto no peito
Com tua imagem me deleito
Ainda que seja virtual
Nosso gozo é real.
Por mais que o telefone
Permaneça ocupado
Consigo gemer o teu nome
E me imaginar ao teu lado.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Em tudo

Em tudo o que vejo
Sinto o desejo
Que move a nós
E me faz feroz.
Um devorador
Do teu amor
Que sente tesão
Em cada emoção.
Deseja ao teu lado
Ser teu namorado
Estar sempre contigo
Sem ser teu amigo.
Mais que amante
Uma vida adiante
Morar ao teu lado
Em presente ou passado.


domingo, 10 de maio de 2015

Belíssima

És a mais bela de todas
As mulheres que já vi
De todas as galáxias
Que o homem descobrir.
Linda, bela, belíssima
A mais educada: finíssima
Mais bela que você não há
Sou feliz só por a ti amar.
Quero amá-la para sempre
Ser o teu único ente
Domem da tua vida
Sempre você, minha querida.


Profundo

Impossível ser deste mundo
Amor tão louco e profundo
Que nos virou a cabeça
Inacreditável que aconteça.
Ainda mais como aconteceu
A nós dois enlouqueceu
Já não sabemos mais controlar
Esse nosso louco jeito de amar.
É entrega permanente
Parecemos dois dementes
Saímos inteiramente do prumo
Viver juntos é o nosso rumo.



OBS: Post do dia 09/05/2015