Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Ternura

Não tive a chance
De passearmos um dia
Mãos dadas, avante
Viver a alegria.
De partilhar momentos
Com extrema ternura
Selar parcos sentimentos
Recheados de doçura.
E assim ficarmos eternos
Quando formos ternos
Um com o outro estarmos
E, para sempre, nos amarmos.


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Sucção

Rolamos pelo chão
E nos encostamos na parede
Eu com muita sede
Suguei o teu vulcão.
Bebi todo o teu gosto
Senti descer pelo rosto
Um fogo de desejo
Suguei e dei-te beijos.
Da vulva umedecida
Sorvi toda a bebida
Na louca sucção
Provei todo o tesão.
De tê-la em minha boca
Você feito uma louca
Gritava e arfava
À medida que gozava.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Dependente

Saio de mim
Para não ficar assim:
Só em você.
Mentalmente dependente
Carente
Estupefactamente
Amarrado aos pensamentos
Que nem pelos ventos

São levados.