Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 30 de setembro de 2017

Tontos

Entrego meus pontos
Já estamos tontos
Com tanta energia.
Depois destes lábios
Até entre os sábios
Tal coisa fluía.
Trançamos os braços
Trocamos espaços
E a boca gemia.
Num fim, ofegantes
Não mais do que antes
O corpo ardia.
E aquela tonteira
Não é asneira:
Sinal de magia.


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Pregações

Teus mamilos macios,
Meu cio,
Têm gosto de suavidade.
E não importa a idade,
Em verdade,
Vos digo:
No cio, qualquer bicho morde a carne.
Quer seja do clitóris
Sem que implores
Porque entre nós
Qualquer nó
Está no âmbito das pregações consagradas.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Aparências

Nossos desejos contidos
Parecem até proibidos
De tanto que são intensos
Tornam-se mais que imensos.
Porque parecem malucos
Até para os eunucos
Mas, como sentir desejo
Se não temos mais beijos.
Por isso nossas aparências
São as reminiscências
De um amor tão louco
Que até parece pouco.
Se muito não existisse
E fosse a razão de TUDO
Amor, como você disse
Que até me faz mais mudo.