Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Convenções

O que me dizes
Não é o que devo fazer.
Se te amo ou odeio
Não depende de você.
Nem de mim.
Nem de nós.
Modos de agir
De amar, de ser.
Enquadramentos.
Sociais, grupais.
Eu não existo
Sou fruto disso
O que querem que seja.
O que penso que sou.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sede

Uma faísca a brilhar no horizonte.
Como fonte.
A ser manancial aos que tem sede.
Sede de você, sede de viver.
Sede de justiça, de amor, de sonhos.
Sede de pele, macia, doce...
Mel aos favos
Às favas com as convenções.
Se não te convenço do amor
Que te convença pelo menos das emoções.

domingo, 29 de maio de 2011

Pólos

Não sou bem ou mal
Nem tampouco mau ou bom.
Frágil ou forte?
Amor ou ódio?
Tanto eu quando você
Somos totalidade,
Não dualidade.
Sou bom e mau
Na mesma proporção.
O modo como me olhas
É que me qualifica
Ignora-me excita-me.
Sou centro, direita e esquerda
Alma e corpo num só ser.
Você que me olhe
Como quiser ver.

sábado, 28 de maio de 2011

Energias

Não sei o que me empurra aos teus braços
Nem o que me afasta de ti.
O universo conspira
O corpo transpira
A cabeça pira.
Energias dissipadas
Faíscam.
Fermentam-se.
Aforismos frenéticos
Friccionam forças
A nos guiar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ausência

Amo-te!
Na tua singeleza.
Na tua simplicidade.
Beleza
Que explode no sorriso
Nesse jeito moleque
De me provocar.
Sonhos.
Desejos.
Fantasias.
Delírios.
Amo tua boca
Teu sorriso largo
A extravagância do teu corpo
A grandeza do teu ser.
Como-te com todos os sentidos
Para compensar
O fato de nunca te ter.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Expectativas

Espero dos meus inimigos
Muito além de um sorriso.
Um rosto fechado
O ódio no olhar.
Quero-os vivos
Por perto
A me vigiar
A me invejar
A me estimular.
O ódio deles
É o combustível
Que move a nave
Das minhas conquistas

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Humores

Não faço do riso
Escudo nem máscara.
Não escondo dores
Nem proclamo amores.
Abro no peito uma cratera
Arranco os dejetos
Das tuas lembranças.
Solto gargalhadas
Insanas, amarelas
Quase vilanas.
Alegria é sombra.
Velada
Vazia.
Fui
Um dia
Feliz.
 
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terça-feira, 24 de maio de 2011

Abafa

Sobe o tapete
Empurra tudo.
Na Câmara,
No Senado.
Tudo em off
Pallocci.
Enriqueceu
Em 4 anos
Tudo normal.
Esconde logo
As falcatruas.
Tapete é persa
A cara é de pau
O Código é Florestal
Uma mão lava a outra.
E todos juntos.
Lavam o tapete.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Luxúria

Olhar-te muda meus planos
Amor e dor tornam-se pares insanos
Candura e luxúria entrelaçam-se
Só quero estar nos teus braços.
Teus lábios provocam viagens
Desejos e fantasias
Aos pares percorremos loucos
As nuances de cada corpo
Teus dentes mordiscam com gosto
A intimidade do meu corpo.

domingo, 22 de maio de 2011

Virginais

Teus olhos me seguem atentos
Pelos Twitter e Facebook da vida.
Tuas mãos trêmulas tocam
Os contornos das teclas do meu corpo.
As digitais que deixas em mim não são redes.
Mas a rede abriga nossos desejos.
Quando estamos on nosso amor existe
Se estamos off não sei se resiste.
Teus gritos e gemidos madrugada adentram
Meus sonhos de estar contigo.

sábado, 21 de maio de 2011

Hipocrisia

Quando você pensa que já viu tudo
Aí aparece um dia
Uma passeata
“Todos contra a pedofilia”.
Para coroar o absurdo
E a total hipocrisia
Só falta você me dizer que viu
Bandeira em punho e camiseta
O ex-prefeito Adail.
Não me espanta se você
Disser que ele foi aplaudido.
Nesse estado de glamour
Só pesa este valor:
O tanto que o cara é bandido.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Laços

Desfaço os nós
Que amarram a nós.
O top desliza.
Os olhos se espantam.
Mais um laço desfeito.
Peito
Peitos.
Seios.
Seus.
Corpo.
Teu.
Nossos.
Sem nós.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Frieza

Não faço questão de ser amado por ti.
Estar em tuas lembranças não me comove.
Nem marcas tenho do punhal em mim cravado
Morreram os sonhos de viver ao teu lado.
Não acredito em ressurreição.
Morri!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Algodão

Amo-te,
Às brancas nuvens
Eleva-me.
Aos toques
Carícias
E beijos.
Macias peles
Em pelo.
Encontram-se
Tocam-se
Enlaçam-se
Num beijo.

domingo, 15 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sexta 13

Dedo cruzado
Nada de escada
Nó na madeira
É sexta-feira.
13.
De maio
Das mães
Ao amor
Da dor.
Dos gatos
Das bruxas
Das crenças
Asneiras.
Figas
Despachos
Fita vermelha
Não duvide!
Nem creia!
Mais uma
Sexta-feira.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Passeio

É um pássaro?
Não!
Um avião.
Onde?
No chão.
No meio das ruas.
Entre os carros
Entre as casas.
Em Ilhéus
O chão é pertinho do céu.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rio Negro

Rio,
Negro
Águas
Turvas.
Não me curvo
Não te curvas.
Em Manaus
Abrir a boca
É pecado mortal
Rio Negro
Marcas ficam
Águas vão
Passadas
Movem a solidão.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Teoremas

Não desenvolvo teses
Nem poemas.
Pura poesia
Teoremas.
Teoamoremas
Teoamormais
TeoTeuToueu.
Pitágoras não me inveje
Pois tuas fórmulas não me seduzem.
Se brincas com os números
Meu brinquedo são as letras
Os morfemas, o monemas
Os poemas.

Escravo

A hierarquia cartesiana aprisiona
Minha capacidade de ver o mundo
Por isso não aprofundo
Nem o sonho.
Tenho receio de que as imagens se superponham
E formem um quadro inexplicável.
O que a mente não entende
O coração demora a sentir
O vir o e devir
Escravizam o agora
O ontem se foi
O hoje não sei viver
E o amanhã me apavora.

domingo, 8 de maio de 2011

Reflexos

Os raios tocam a tez
Refletem cores ofuscadas.
Dão vida ao sorriso
Aos olhos
Aos lábios
Aos dentes.
Branquíssimas luzes
Circundam os carnudos
Limites da boca.
Louca
Sensação de prazer
Ver-te
Vê-la
Bela
Estrela
Refletida
No olhar.

sábado, 7 de maio de 2011

Sombrinhas

Sobra, água fresca
Qualquer lugar em uma secretaria
E ninguém fala no “Caso Bia”.
Bolsos entupidos
Dinheiro público distribuído
Jornalistas e críticos perseguidos
Puxa-sacos ungidos
Cada um com a sua sombrinha
E nós aqui aos gritos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dementes

Doentes
Tarados
Pedófilos desvairados.
Infância destroçada.
Inocência vilipendiada.
Pela força do dinheiro
Do poder
Da opressão.
De mentes
Indecentes
Que defloram
Inocentes.
Meninos
Meninas.
Hímens rompidos
Desejos saciados
Canalha protegido
Sobre o manto
Da família.
Ilha
Hipócrita
Apócrifa
Denúncia
Que não vinga!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sinais

Trocados
Atraem-se.
Idênticos
Retraem-se.
Penso que me amas.
Odeias.
Tento arrancar.
Semeias.
Química, desejo?
Interpretações
Elucubrações
Ellus
Cus
Braços enormes.
Disformes sensações.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Heresia

Não pratico prosa
Nem poemas
Nem poesias.
Pratico heresia.
Ofendo
Machuco
Marco.
Sou sujeito opaco
Poeta macro.
Homem micro.
Microcomputadores
Putadores.
Dores das putas
Homens nem querem saber disso.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Virilidade

Foi-se com a idade
Volta com uma pílula
Quem foi pra terceira idade
Nunca ouvi dizer que retorne.
Carinhosa, nova e atrevida
Talvez dê alguma sobrevida
Mas a quem vive de pílula
Nem sempre a carteira ajuda.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Promessas

Ajoelho-me!
Em frente a ti
Prometo:
Nuca mais errar!
A carne é forte.
O desejo mais ainda.
Novamente ajoelho-me.
Você ainda acredita?