Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sete vidas

Das vidas que tenho uma é tua
As outras seis?
Não sei!
Acho que não vivi mais nenhuma.
De pulo em pulo não sou gato
Mas a ti sou grato
Por mudar a minha vida.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Explosões

O corpo pulsa
Inteiro
Reações
Químicas.
Bestiais
Puro instinto!
Animais.
Cio perfeito
O meu no teu peito.
Mordidas nos lábios
Mãos desesperadas
Gozam!
Gozamos.
Humanos!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Extremidades

Não curto!
Nem longo.
Os dedos?
Cabelos?
Lábios?
Extremistas.
Detesto.
Mas respeito.
Teu direito.
De ser tudo
De um todo
Quase nada.

Dramas

Falta dinheiro
Amor
Sabor.
Vida sem tempero.
Morte, desespero.
Viver sem você
Horas de agonia.
Zumbi a vagar
Ruas, morros, ladeiras.
Peito dilacerado
Coração arrancado
Sangra em minha mão, pendurado.

domingo, 26 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

Saudade

Peito apertado
Salivação.
Trilha sonora
Da solidão.
Quarto vazio
Animal no cio.
Lembrança voraz
Consome o peito
Adormeço
Não durmo direito.
Viro-me na cama
Olhos abertos
Futuro incerto
Sem você por perto.

sábado, 18 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Retwwito

Amores vão,
Voltam.
Mandam-nos embora.
Voltamos no outro.
Em outros.
Outras.
Fechamos janelas.
Portas são abertas.
Fugimos do amor.
Novas crenças
Surgem reais
Ou virtuais.
Não dou um pio
Quando estou no cio.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Insensatez

Sem juízo
Com pecado
Sem limites
Com tesão.
Pele louca.
Tentação.
Contigo
Acaricio
Toco
Sugo
Engulo
Tuas ideias
Teu corpo
Tua massa
Encefálica.
Falo
Urro
Gemidos
Gritos.
Longe de ti.
Condeno.
Condeno-me.
Pecadoras
Sensações.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Frio

Frieza não afeta o amor
Indiferença sim.
Fere
Fundo.
Punhal a dilacerar.
Em pedaços,
Destroços d’alma.
De tudo que o todo transforma em nada.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Janelas

A cidade passa
O hotel destroça
Sensação de saudade.
Bela idade.
Da razão.
Para não sentir
Nem tristeza.
Nem dor.
Nem amor.
Endurecido.
Marcado.
Tempo corrido.
Do quarto de hotel
À espreita, o céu
Ao alto.
Abaixo, o asfalto
Luzes
Neon
Do quarto
Um som.
De TV ligada
E mais nada.

Mãos

Tuas mãos descem pelo corpo
As unhas escorrem pelos ombros
Deixam trilhas de sensações
Promessas de prazer.
De gozo.
Impossível conter a respiração
Ofegante a cada toque.
Delirante à medida que tuas mãos descem.
Fecho os olhos
Sinto teus toques.
Retoques.
Refúgios.
Refluxos.
Correntes elétricas espalham-se
Nuvens dissipam-se.
Não me toques
Mãos me toquem
Lindo senti-las.

domingo, 12 de junho de 2011

Enamorados

Desejo não tem sexo
Nem estado civil.
É entrega
É doação.
É ter no outro
A razão do eu.
É pensar no eu
Amálgama do outro.
Estado de espírito
Conexões de almas.
Cósmica união
De energias
E quereres.
Explorar milímetros,
Decímetros do teu corpo.
Medidas sem limites
É o que esse amor permite.

sábado, 11 de junho de 2011

Aflores

Há flores, sim.
Há sim.
Assim como espinhos
Espinham a pele
O pelo, a paz
Os pólos.
Orquídeas ou rosas
Odorizam
Almas levadas
Pelas lavadas
Da vida.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Especialidades

Sou especialista em sonhos
Em criá-los.
Transformá-los em realidade.
Não sei fingir
Criar armadilhas.
Para vencer ou me firmar.
Admiro os especialistas
Na arte da dissimulação.
Escondem objetivos reais.
Tornam-se amigos.
Próximos.
Fingem ser fiéis
Prostitutas de bordéis
Com todo respeito a elas.
Deixo-os seguir
Finjo não reconhecê-los.
Vermes, imbecis, medíocres
Melhor jamais percebê-los.

Pimenteiras

Secas
Secam
Brotam.
Viçosas
Verdes
Malaguetas.
De cheiro
Tempero
O peixe.
Pirão.
Títulos temperados
Time consagrado
Vasco campeão.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Descobertas

Não te conheço
E já te quero.
Nunca te vejo
E te desejo.
Quero-te nos braços
No corpo
Na alma.
Cavalgar na crina
Explorar minas.
Tocar nas encostas.
Gritar de amor
Urrar,
Virar onça
Invadir teu ninho
Frágil passarinho
Fora da gaiola.

Perdido

Perco o juízo
A fala
O prumo.
Perco até o rumo
Quando me imagino a explorar.
Teu corpo a cada milímetro.
Teu ventre a cada centímetro.
Tua boca, vulcão a explodir
Excitantes larvas de desejo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Seios

Podem ser das mãos
Das faces
Disfarces para olhá-los.
Admirá-los.
Sem ser descortês.
Vontade de tocá-los.
Acariciá-los.
Mordê-los.
Deixá-la nua em pelo.
Mas que desvelo!
Despeito.
Despropósito.
Esse desejo.

domingo, 5 de junho de 2011

Degustações

Tua pele excita meus sentidos
Meu faro
Meu tato
Meus ouvidos.
Captam até teu respirar
Os milimétricos poros da tua pele.
Degusto teus gemidos.
Respiro o teu mastigar.
Sorvo tuas mordidas.
A me deixar tonto.
Sem saída.

sábado, 4 de junho de 2011

Radiantes

Abre-se
No horizonte
A fonte
A vida.
Fecha-se
No teu rosto
O sorriso
A arte
A cor.
A carne
O ventre
O ente.
Rasga a placenta.
Arranca gemidos
Gritos
Choros.
Brilho
Luz.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Manobras

Democratas
De mentirinha.
Fascistas
De carteirinha.
Manobristas
Com precisão.
Fogem do confronto
Criam estratégias
Fincam espertezas.
Eliminam desafetos
Com o discurso de que são retos.

Amigos

Minto pra mim
Você também mente
Mentimos nós.
Desejo atroz
De grudar tua boca
Aos meus lábios
Ao meu corpo
Ao meu umbigo
Hummm! Perigo!
Perigos!
Não somos nada.
Além de amigos!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quase

Diante de ti sou quase
Homem
Macho
Rapaz
Adolescente
Menino
Criança
Feto
Afeto.
Útero
A receber-te.
Quase tê-la.
Querê-la
Amor quase real.