Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 31 de outubro de 2020

Pedras

Olho para você

Como na primeira vez

A lembrar que posse ter

O amor que não se fez.

Completo, inteiro, todo

Feito de qualquer modo

Pedras que vida atravessam

De um jeito meio incerto.

Marcam e são marcadas

Por pessoas apaixonadas

Que de si se inteiram

Ao modo que vieram.

E superar até as pedras

Para viverem o amor

Que assim, quem dera

Nunca se transforme em dor.

 

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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Enlouquecidos

Estou morrendo de vontade

Sofrendo de tanta saudade

Louco para amar você

E te fazer enlouquecer.

Para explodirmos de desejo

Ao menor contato do beijo

Teus mamilos intumescidos

E nós dois enlouquecidos.

Nem que seja na imaginação

Quero viver todo este tesão

Tua voz a me desejar bom dia

Excita e me devolve a alegria.

Aumenta a minha esperança

De não viver só de lembrança

E de eu descer, enlouquecido

Até a base do teu umbigo.

Ao redor, a língua movimentar

A este fogo, nos entregar

Juntos, chegarmos ao ápice do gozo:

Juntos, gozarmos muito, e de novo.

 

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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Imbróglio

Vejo-te em TUDO o que olho

Este é o meu maior imbróglio

Porque sempre ao te olhar

Tenho vontade de chorar.

Perto, choro de felicidade

Longe, o choro é de saudade

Às vezes, penso até em desistir

Se a minha existência te ferir.

Por isso, fico na dependência

De nunca haver desistência

Da minha parte ou da sua

Pois, ainda, quero tê-la nua.

Nos meus braços, na cama

A me dizer que me ama

Quero voltar a sorrir

Só pelo teu existir.

 

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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Fogo brando

Amor sem fazer amor

Gera sofrimento e dor

É feito de contemplação

Entrega, ao invés de tesão.

Difícil é você aguentar

O desejo de tocar

Das mãos no corpo descer

Para sentir o fogo acender.

Quando a garganta seca

Aí é que o fogo pega

O corpo dá sinais

E você quer mais.

Os gemidos viram canto

Mas, precisa fogo brando

Para não jogar fora o amor

E transformá-lo só em dor.

 

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terça-feira, 27 de outubro de 2020

Como for

Se eu tiver o teu amor

Seja do jeito que for

Enfrento terras e mares

Chego a mudar de ares.

Sem você, não há vida

Todo dia é uma ferida

Assim, seja como for

Dependo do teu amor.

Ainda que esteja longe

Meu amor não se esconde

Nós encontramos um jeito

De mostrar o que há no peito.

Por isso, luto por este amor

Da forma e do jeito que for

Em cada momento do dia

És motivo da minha alegria.

 

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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Anuência

Difícil é entender o amor

E a sua existência

Se insistes demais, provocas dor

Se não, és de fácil desistência.

É preciso combinar

Cada coisa a fazer

Alguém pode te acusar

De invasivo, ser.

É dever equilibrar

Insistência e desistência

Pode demorar a chegar

A tão sonhada anuência.

Se ainda assim, não conseguir

Nunca se sinta um perdedor

Sozinho você bebeu o elixir

Do tão sonhado amor.

Se nem chances você tiver

De provar o quanto amou

Recolha-se com o quê tiver

E vá viver a sua dor.

 

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domingo, 25 de outubro de 2020

Calma

Por vezes, no amor

Você se depara com a dor

Nem TUDO é felicidade

Há resquícios de saudade.

Então, deve respirar fundo

Ou desaba seu mundo

E a vida se exalta

De tanto sentir tua falta.

Requer, de novo, calma

Para não ferir a alma

Ficar um pouco seguro

Acreditar no futuro.

 

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sábado, 24 de outubro de 2020

Sobrevivência

Nem só de fé

Vive o amor;

Mas, de toda palavra

(de amor)

Que vem de quem se ama.

 

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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Resignação

Repito “eu te amo”

Não vejo você ouvir

Pode ser até engano,

Mas, parece, “nem aí”.

Amor não é uma troca

Dar é o que importa

Se o outro não receber

Não se deixe sofrer.

Podes ficar resignado

Até muito entristecido

Se o amor não for valorizado

E vier a ser esquecido.

Opte por se recolher

E nada mais falar

Talvez, diminua o sofrer

E a capacidade de chorar.

 

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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Profissional

Amor não é para amadores,

Você precisa se transformar:

Em profissional de sofrimentos

De dores

De saudades!

Qualquer que seja a idade!

 

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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Talvez, nunca...

Tenho de trabalhar em mim

A possibilidade de te perder

Talvez, nunca, enfim

Contigo eu possa viver.

Preciso em nós acreditar

E me manter a te amar

Mantendo a esperança

Sem nenhuma cobrança.

Se nada disso acontecer

Não irei me lamentar

É meu dever entender

Que nasci para te amar.

Total e irrestritamente

Mereces o meu amor

Pode ser que infelizmente

Termine a viver na dor.

 

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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Idealizado

Ando a idealizar demais

Talvez, nem seja capaz

De o sonho virar realidade:

Viverei sempre de saudade?

Meu sonho, minha fantasia

Será que realizarei, um dia:

Poder amar e ser amado

Até como casal separado?

Cada um no seu lugar

Encontros: só para amar

Realizar minha fantasia

Do amor na pandemia.

De longe, sem se tocar

Na fúria de se entregar

Amor mais que moderno

Idealizado para ser eterno.

 

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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Meu lugar

Tenho de reconhecer

Qual é o meu lugar

Para não sofrer

E nem te magoar.

Quero dizer EU TE AMO

Sem me sentir cobrando

Ou ficar te induzindo

A sentir o que estou sentindo.

Meu lugar da espera

Do sonho, da quimera

De chegar a ter um dia

Não só lapsos de alegria.

De, quem sabe, tê-la

Para ser minha estrela

E comigo poder dividir

TUDO o que há de vir.

Enquanto isso, meu lugar:

É não mais te incomodar

Nem criar nenhum choque

Ainda eu você me provoque.

 

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