Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 27 de maio de 2025

Voracidade

Fogo contra fogo

Prazeres expostos

Sem preconceitos

Tens vergonha de ser voraz

Por conta da voracidade

Da cidade

Da sociedade.

Perdes de me ter

Por medo de te ser

Voraz por me querer

Como que te quero

E te quero ter.

Come

Sorve com voracidade

Todas as luzes da cidade

Deste corpo que as centelhas

Te enfeitam de prazer.


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Espectros

Espectros

De espelhos quebrados

Transitam na mente

De quem mente.

E minto

Que te sinto

De longe,

Nem de perto:

Sei mais quem és.


Poema do dia 26/05/2025


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Luzes

As luzes piscam

Em um infinito

Que não sei onde começa

Muito menos, onde termina.

Mina

Minha alma

Sem calma

Cospe

Luzes lilases

Algozes da minha propria solidão.


Poema do dia 25/05/2025


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domingo, 25 de maio de 2025

Traidoras

Cuidado com aquelas pessoas 
Risonhas e amigáveis
Podem ser traidoras
E maléficas vorazes.
Escondem no riso de hiena
Desrespeito, voz obscena
A te ferir, alma e coração 
Afundar sua reputação.
Tocam o ombro como amigas
Fingem ser as mais sensíveis 
Escondem o veneno que transborda
Gente que se veste de cobra.


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sábado, 24 de maio de 2025

Das cinzas

screvo a última linha,

mas não é o fim.

Porque a dor

não tira férias,

nem conhece

Os finais de semana.


E enquanto houver silêncio,

enquanto houver violência encoberta,

meus versos existirão.

Para relembrar

que quem trabalha também sangra.

E quem sangra

Pode morrer vivo,

Mas, só morre

Quando a passagem transcorre.

Estou vivo

E não me matarão em vida.

Renascerei das cinzas,

Apesar das feridas.


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Exílio

Um exílio sem fronteiras:

O hábito da indiferença.

Sou estrangeiro no próprio ofício,

exilado em minha função:

Tratado como um cão.

De rua,

Abandonado

Tragado

Pela indiferença.


E, ironicamente,

o crachá diz “servidor”.

Mas quem me serve?

Quem me cuida?.

Prefiro o exílio.


Poema do dia 23/05/2025


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Vistoria

Hoje inspecionaram

minha mesa, minha vida

So encontraram feridas.

Verificaram os papéis,

Os prazos,

os cliques, os gráficos.

Fizeram questão de ferir mais.


Não olharam nos olhos.

Não viram o desespero.

Porque isso não consta

no checklist institucional,

Nem na condenação grupal.


Poema do dia 22/05/2025


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