Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Canaderam


Antes se mandava pra China
Hoje é para o Canadá.
Celso Viáfora compôs
Nilson Chaves cantou
“aí, você partiu pro Canadá
Mas eu fiquei no já vou já”
Depois veio Jana Figarella
Amazonense de Santarém
Nascida num, criada no outro
Que não dá cana pra ninguém.
Mas o pai a mandou pro Canadá
“Dona Maria,
Me empresta a canoa, me ajuda a remar
Papai quer me mandar pr'um tal de Canadá
Mas como se eu só mexo com açaí?”
Depois aparece um pai e vira hit
Nas redes sociais, no Twitter
Ao invés de mandar a filha pra China
Ou pra puta que a pariu
Tira a filha do Brasil
Enfia lá no Canadá
E a gente aqui tem de agüentar:
Em cada fala, em cada dito
Um bordão maldito:
“Menos a Luiza
Que está no Canadá”.

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