Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brejeira


Sou mineira,
Assumidamente brejeira
Gosto do cheiro de mato
Da terra nos pés e nas mãos.
Quero acordar pela manhã
Sem hora para levantar
Ou deixar a casa cedinho
Correr pelos caminhos
Que me levem ao curral
Ordenhar vacas, brincar com bezerros
Deixar o suor escorrer pelos dedos
Adentrar a mata, esquecer os medos
E reviver meus tempos de menina.
Descer colina abaixo
Banhar-me no riacho
Rir, gritar, chorar de alegria
Por saborear o gosto de mais um dia.

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