Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 6 de outubro de 2012

Profano


Sinto-me um menino, um infante
A tentar prender com um barbante
Um brinco em tua orelha.
Sem jeito, teu rosto cora
A pele fica vermelha
Você tenta disfarçar.
Abre um sorriso, solta a alma
Olha o infinito, busca a calma
Não esconde o prazer.
De ter as mãos admiradas
A finesse revelada
Em cada gesto, cada olhar.
Teu sorriso me encanta
Será tua raiz em Atalanta
Ou vens de alguma Santa
Catarina, gaúcha
Ou tua semente é de Sampa?
Não importa tua origem
Perco o prumo na vertigem
Profana dessa tua gargalhada.
Que embevece minha alma
E de joelho desço rés
Ao teu sublime par de pés.
Toco com a ponta dos lábios
O roxo tênis Adidas
Não como subserviência
E sim por pura reverência
A demonstrar que és querida.
Não me faço de rogado
Nem te quero puritana
Terei o prazer de um dia vê-la
Com um par de roxas havaianas?

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