Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Louca


Louca é esta saudade
Que me assola, que me invade
Quando não te sinto perto de mim.
Louco é este desejo
Esta vontade imensa de um beijo
Cada vez que passas ao meu lado.
Safado, cretino e malandro
É este teu jeito cigano
De sumir e depois retornar.
É neste jogo de idas e vindas
Desta constante presença e ausência
Que sinto a minha demência
A cada dia aumentar.
Quero-te inteiro em minha cama
A sussurrar no ouvido
A dizer que me ama
Todas as vezes que eu levantar.
Chego a te sentir explorar o meu corpo
Teus lábios nos meus a me sufocar
As mãos pelas costas atiçam o fogo
Uma febre louca me faz se entregar.
Aos delírios dessa fantasia
Dessa magia, das peles a se encontrar
Quando tua boca, meus mamilos tocam
Cores do arco-íris me fazem desmaiar.
Ao abrir os olhos, tua boca quente
Mastiga as pétalas da minha flor natural
Novos arco-íris pipocam do nada
Sinto um prazer quase descomunal.
Quando sugas o pólen, mordiscas guloso
Engoles meu néctar de maracujá
Meus urros, gemidos e gritos lancinantes
Completam a loucura de a ti me entregar.

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