Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 9 de março de 2013

Acordar


Acordar e não te ter ao lado
Meu pesadelo, fico alucinado
A possibilidade de perder você
Embota as noites deste meu viver.
Vago pelas ruas, vejo estrelas nuas
Sem sair do quarto, fico absorto
A rever o filme dos nossos encontros
Perder-te agora é meu desencanto.
Ao saltar pra rua pulo a janela
Para que ninguém perceba a loucura
Que é passar o dia a pensar só nela
Sentir a saudade que a mim tortura.
Vejo da sacada uma estrela cadente
A deixar as marcas desta dor latente
Que é abrir os olhos e não ter você
E engolir a dor de não te esquecer.

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