Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Faces da dor

Quanto mais sentimento
Maior é o sofrimento
Nunca se engane com o amor
Ele é a outra face da dor.
Tua falta é um vazio
Impossível de suportar
Mas se vazio eu não quisesse,
Por que me deixei te amar?
Que longe de ti eu viveria
Até o fim dos meus dias
Sempre foi a única certeza
Por que, então, acreditar,
Em milagre da natureza?
Fomos além do impossível
Mais longe que o desejável
Por conta de um amor incrível
E de uma dor insaciável.
Meu coração foi arrancado
Vivo feito um zumbi
A vagar dilacerado
Por que, Meu Deus,
Você não está aqui?


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